LUTERO
O MONGE, O TEÓLOGO, O REFORMADOR
1.
INTRODUÇÃO
– O artigo de J.L.Delgado no Jornal do Commercio:
Três lições da Reforma
Protestante:
a) A situação moral grave da Igreja de
Roma – Por dois séculos, ouviu-se o brado: “Reforma na cabeça e nos membros!” –
Os 3
Papas anteriores a Lutero:
Alexandre VI (1492-1503) – antes de ser
papa, péssimos costumes morais – como papa, a divisão do Novo Mundo;
Júlio II (1503-1513) – mais guerreiro,
que pontífice, bom papa;
Leão X
(1513-1521) – um Medici, grande cultor da Arte.
b) A escalada das radicalizações entre
os príncipes alemães e Roma:
“Gravamina
nationis germanicae” e a rivalidade entre agostinianos e dominicanos.
c) As palavras de Jesus: “As portas do
inferno não prevalecerão sobre ela” (Mt 16, 18) .
2. A complexa personalidade de Lutero
(1483-1546) –
Definição
de um historiador sério e isento.
3. Lutero, monge e teólogo –
Sua vida: Nascimento
- Batismo – Pai - Educação – Primeiros estudos Vocação – “Novo São Paulo” – Epilepsia
- Sacerdote (1507) – Mestre em filosofia (1508) - Visita a Roma (4 semanas em 1510) - Escandalizou-se com as indulgências - Não aceito nem prestigiado – Doutor em
teologia (1512).
4. Voltando de Roma, começa a fatal
evolução de seu espírito.
Causas:
a) muito trabalho intelectual e pouca
oração;
b) desprezo pelas normas disciplinares
da vida religiosa e pela ascética;
c) desconhecimento da teologia
escolástica e desprezo por S.Tomás de Aquino
d) orgulho e teimosia, com a convicção
de que era chamado por Deus a realizar “grandes coisas” na Igreja.
5.
A
pregação das indulgências de Leão X.
Dominicanos e não agostinianos – O
dominicano João Etzel: abusos e desatinos pastorais e teológicos – O Papa lhe
retira essa missão – Era tarde demais...
6.
Na
véspera da festa de Todos os Santos de 1517, afixava na porta da Universidade
de Witemberg suas 95 teses – (Marx, historiador alemão: análise de seu conteúdo).
7.
1518:
Começa o processo em Roma – Não se retratou, exigia um Concílio a seu modo.
15 de junho de 1520: A bula de sua
condenação “Exsurge Domine”, a ser executada pelos príncipes alemães. Ao
contrário, deram-lhe um salvo-conduto.
10 de dezembro de 1520 – fogueira dos
estudantes de Wittemberg dos livros de
Direito Canônico – Lutero queimou a bula de sua condenação.
8.
Neste
ano, no retiro de Wartburg, escreve os livros que marcam sua definitiva
separação da Igreja:
“O Papado em Roma”
“Discurso sobre o Novo Testamento”
“À nobreza cristã da nação germânica”
Ele dizia que ia abater “as muralhas
do romanismo”: distinção entre clérigo e leigo – interpretação oficial da
Bíblia – direito exclusivo do Papa de convocar um concílio ecumênico – o
direito canônico.
Era contra: o celibato clerical; o
latim na liturgia; o cálice só para o ministro; os sete sacramentos (só
Batismo, Ceia, Penitência).
Ensinava: “crede fortiter et pecca
fortiter”.
9.
Escreveu
ainda:
“Juizo sobre os votos monásticos “ –
despovoou os conventos.
“Da abolição da missa privada”
“A Missa em alemão”
10. Declínio:
- A revolta dos camponeses – sua
dúplice posição
- Casa-se com a ex-freira Catarina de
Bora – Seis filhos, ignorados pela história
- Desilusões: Calvino na Suiça, Henrique
VIII na Inglaterra e o fato dos príncipes alemães se apossarem dos bens
eclesiásticos, em nome das novas ideias.
- No retiro de Wartburg, ele dizia que eram
insinuações do demônio suas posições contra a Igreja de Roma.
11. O Concílio de Trento – “in faucibus Germaniae”
Em
três períodos: 13 de dezembro de 1545 a 4 de dezembro de 1563
Três
Papas: Paulo III, Júlio III e Pio IV
Aclarou os dogmas da Igreja, reprimiu
com energia os muitos abusos morais, desde a reforma da Cúria romana, os
famosos “benefícios” de bispos e abades, a obrigação da residência. Realizou a
verdadeira Reforma da Igreja.
Lutero escreveu: “O Papado de Roma, fundado pelo diabo.”
12. Apreciação final:
1) Lutero nunca aceitou sua terrível
vocação de revolucionário. Ver Miegge.
Alguns
acham que a causa de sua revolta foi “sua orgulhosa e sofrida intolerância a
qualquer contradição de suas ideias por parte de seus adversários. É o que ele
próprio afirma no seu livro “De captivitate babilônica” sobre o Papado e as
indulgências.
2) O conhecimento adequado do ambiente
histórico-teológico em que se movimentou o monge Lutero
a) Diminui o aspecto de novidade de suas
ideias teológicas
b) Acentua os elementos patológicos de
seu caráter, às vezes contraditório
c) Distingue nele o que eram as
exigências teológicas da Alemanha e o que era uma reta aspiração da renovação
espiritual das formas de piedade da época;
d) Por fim, faz notar os elementos
estranhos que interferiram em sua obra de reformador.
3) Unilateralmente, a História pode
considerar Lutero:
Ou um místico, avesso aos dogmas de teologia
e expressão viva da alma germânica da época;
Ou
um simples destruidor da Igreja e da consciência dogmática!
FIM
Desiludido pelos rumos indesejados que
tomou sua reforma, faleceu a 18 de fevereiro de 1546 e foi sepultado –ironia da
História – na festa da Cátedra de São Pedro em Roma, 22 de fevereiro .
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