segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Os Bispos com a Juventude


              Precioso legado nos deixou o Santo Padre o Papa Francisco quando, na recente Jornada Mundial da Juventude no Rio, conclamou a Igreja a ter especial atenção para com os idosos e a juventude. Ele dizia: “as pontas extremas da existência humana...”
                Atentos a essa recomendação do Pontífice e como um dos frutos para a nossa região da Jornada da Juventude, os bispos do Regional Nordeste 2 da CNBB (RN¸PB,PE e AL) dedicaram sua Assembléia Regional ao tema:”Evangelização da Juventude”, tomando por lema a frase bíblica “Ide e fazei discípulos meus todos os povos” (Evangelho de Mateus, 28,19).
                Foram três dias de trabalhos, precedidos do encontro fraterno e particular dos bispos do nordeste, no convento de Ipuarana, Lagoa Seca, diocese de Campina Grande. Excelente assessoria foi o serviço prestado aos bispos, assessores da juventude e jovens, pelo  bispo Dom Eduardo Pinheiro da Silva, salesiano, presidente da Comissão de pastoral da juventude da CNBB. Duas publicações da CNBB orientaram os trabalhos, conduzidos por Dom Eduardo: o estudo “Pastoral Juvenil no Brasil – identidade e horizontes”; e o documento nº 85: “Evangelização da juventude”.
                Através dos resultados dos trabalhos realizados pelos grupos de cada diocese e apresentados no último dia, ficou evidente a necessidade de uma comissão para pensar a formação de assessores da pastoral juvenil em âmbito regional. Todas as dioceses acentuaram a necessidade de formação dos assessores da juventude. Uma diocese sugeriu a redação de um subsídio em três eixos: VER – a realidade juvenil nos seus aspectos humano-afetivos e de liderança; ILUMINAR – com a Palavra de Deus na Bíblia e no Magistério da Igreja; AGIR, atendendo à realidade do jovem nordestino, seus anseios e necessidades. 
                Outra carência notável que foi diagnosticada em nosso regional pela Assembléia é a referente à pastoral universitária. Não temos pessoas habilitadas para esse trabalho, não temos formação de autênticos líderes cristãos, que por certo saem das universidades, enfim não temos uma autêntica e vigorosa pastoral universitária, apesar dos merecidos esforços de vários movimentos de formarem uma Nova Universidade, que será a Universidade onde Cristo reine soberano e os princípios da ética cristã sejam vividos e respeitados.

                Que a palavra ardente e fervorosa do bispo de Roma ecoe no coração e na vida de nossos Jovens: ”Ide, sem medo, para servir!” 

Brasil-República e a Igreja

              O alagoano Deodoro da Fonseca, que ostentava o título, mais simbólico que real, de Marechal,  era o mais indicado e o menos indicado para se por à frente do movimento republicano, que tomara forças no Brasil, sobretudo após a Guerra do Paraguai em 1870, com a criação do Partido Republicano. Naquela manhã de 15 de novembro de 1889, ele foi arrancado da cama, com febre, porque seus colegas de farda, entre os quais gozava de prestígio e simpatia, apesar de sua timidez, queriam porque queriam, que ele se pusesse à frente do movimento republicano e, sem mais, proclamasse o novo sistema político do Brasil. Contando com a amizade do velho e sábio Imperador, que tanto sofreu com a traição do amigo, Deodoro,  apesar de sua liderança entre os colegas de farda, não deveria pôr-se à frente do movimento que ia derrubar do poder o velho monarca.
                No conhecido soneto sobre a República, referindo-se a Deodoro, o Imperador poeta se queixa: “Mas a dor cruel que o ânimo deplora / que fere o coração e quase o mata / É ver na mão cuspir à extrema hora /  a mesma boca, aduladora e ingrata,  / que tantos beijos nela deu outrora.” Referia-se à cerimônia do “beija-mão”, que acontecia em solenidades especiais no Palácio Imperial.
                Nosso segundo Imperador, dois dias após a proclamação da República, seguiu para Portugal, indo para o Porto, onde a Imperatriz morreu a 28 de dezembro daquele ano. Dom Pedro II seguiu sozinho para a capital francesa, onde faleceu em 5 de dezembro de 1891, com 66 anos. Ele tinha  estranha doença que lhe dava aspecto senil, superior à sua verdadeira idade. Possuindo vasta cultura, falava francês, inglês e alemão e, por incrível que pareça, julgava o sistema republicano mais adatado que o regime monárquico, naquele final do século 19.
                A primeira Constituinte, no regime imperial, a de 1824, contava com 22 padres e determinara : “A religião católica, apostólica, romana continua a ser a religião do Império. Todas as outras serão permitidas com seu culto doméstico em casas, para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.” Já a 1ª Constituição republicana aboliu por completo esse privilégio, como também a chamada “lei do padroado”, em força da qual os ministros sagrados, bispos e padres, eram mantidos pelo Governo Imperial, sendo também feita pelo Imperador a indicação para os vários cargos. Os bispos, indicados pelo Imperador, eram eleitos pelo Papa.
                O regime imperial brasileiro entre 1873 e 1875 produzira dois mártires da independência da Igreja: Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo de Olinda, capuchinho, e Dom Antonio de Macedo Costa, bispo do Grão-Pará, que não se submeteram à intromissão imperial no governo de suas dioceses e excomungaram maçons dirigentes das Irmandades, poderosas na época e donas, no Recife, das melhores igrejas da diocese.

                As relações entre a Igreja e o estado brasileiro ficaram definitivamente esclarecidas e fixadas no recente Acordo entre o Brasil e a Santa Sé, de 7 de outubro de 2009, obra do Núncio Apostólico Dom Lorenzo Baldisseri.

Um Seminarista Mártir


Motivo grave e emoção profunda, só essas causas poderiam fazer um Cardeal da Cúria romana emocionar-se em público numa cerimônia litúrgica. Foi o que aconteceu com o Cardeal salesiano Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, presidindo em Módena-Itália, em nome do Papa Francisco, a cerimônia de beatificação do jovem seminarista Rolando Rivi, em 5 de outubro passado.
                É um novo mártir da fé que levou seu compromisso com Cristo até o derramamento do sangue. Nasceu em 1931 e, de pequeno, seu sonho era tornar-se sacerdote. Aos 11 anos, entrou no seminário e, como era costume na época, recebeu a veste talar, a batina, que se tornou a partir de então o seu “uniforme”, como ele dizia. Era o sinal visível de seu amor a Jesus e sua pertença total à Igreja. Sentia-se orgulhoso com sua veste talar e a usava no seminário, no campo, em casa. Era o distintivo de sua escolha de vida – dizia - que todos podiam ver e entender. Por causa da confusão do final da guerra na Itália, muitos o aconselhavam a deixar de usar a batina, pelo ódio que os “partigiani”, em parte, comunistas, tinham contra o clero.  Rolando respondia: “Não posso, não devo deixar a minha veste. Não tenho medo, estou feliz por usá-la. Não posso esconder-me. Eu pertenço ao Senhor.”
                No  dia 10 de abril de 1945, pouco mais de um mês do fim da 2ª Guerra mundial, os “partigiani”, cheios de ódio, capturaram Rolando. Ele foi despido, insultado e maltratado com chicotadas, para admitir uma improvável atividade de espionagem. Depois de três dias do rapto, sem que os chefes o soubessem, o jovem foi mutilado e depois assassinado com dois tiros de pistola, um na fronte esquerda e outro no coração.

                “Era muito jovem – disse o Cardeal Amato – para ter inimigos. Para ele, todos eram irmãos e irmãs. Não seguia uma ideologia de morte, mas professava o evangelho da vida. Rolando tinha compreendido bem a mensagem do Evangelho:  Amar também os inimigos, fazer o bem a quem o odiava e abençoar  quem o amaldiçoava. Celebrar o martírio do jovem Rolando é uma ocasião para bradar forte: nunca mais o ódio fratricida, porque o cristão verdadeiro não odeia, não combate ninguém. A única lei do cristão é o amor a Deus e ao próximo. As ideologias humanas desabam, mas o Evangelho do amor nunca tem fim, porque é uma boa nova. A beatificação de Rivi é uma boa notícia para todos. Estamos aqui reunidos para celebrar a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, da caridade sobre o ódio. Do sacrifício de Rolando, concluiu o Cardeal, derivam quatro exortações para nós: perdão, força, serviço e paz. De modo particular, ele dirige-se aos seminaristas da Itália e do mundo, convidando-os a permanecer fiéis a Jesus, a sentir contentamento e quase orgulho pela sua vocação sacerdotal e a testemunhá-la com alegria, serenidade e guarda da castidade.”

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A China e o Papa



            Em 27 de maio do ano passado,  o Papa Bento XVI dirigiu uma Carta Apostólica aos Bispos, presbíteros, consagrados e leigos da Igreja Católica  da República Popular da China.  Junto com a Carta Apostólica dirigida à China, a Santa Sé Apostólica enviou ao episcopado mundial uma “Nota Explicativa” sobre este documento pontifício dirigido à Igreja da grande potência emergente, que nesses dias promove a mais grandiosa,  mais bem preparada e  mais competitiva Olimpíada de todos os tempos.
            Neste artigo, quero me limitar a algumas referências e um breve condensado da Nota Explicativa.  Duas idéias fundamentais perpassam todo o texto do Sucessor de Pedro e Pastor Universal da Igreja. De um lado, uma especial deferência pela comunidade católica chinesa, unida à fidelidade aos princípios que regem a eclesiologia católica. O texto pontifício é, portanto, iluminado pela caridade e pela verdade. Fidelidade às linhas eclesiológicas do Concílio Vaticano II e carinho pastoral pelo povo chinês.
            A Igreja na China nos últimos cinqüenta anos passou por provações e martírios, próprios de sua caminhada  na história. Nos anos ´50, ela viu a expulsão dos bispos e missionários estrangeiros, a prisão de quase todos os eclesiásticos e responsáveis dos movimentos leigos, o fechamento das igrejas e o isolamento dos fiéis. Depois, veio a criação do Departamento para assuntos religiosos e a chamada Associação Patriótica dos católicos chineses. Em 1958, houve as duas primeiras ordenações episcopais sem mandato apostólico, caracterizando o cisma da chamada “Igreja Patriótica” com a Igreja de Roma. E, durante a Revolução Cultural de 1966 a 1976, a violência caiu sobre todos os católicos, também sobre os membros da Associação Patriótica.
            Foi com  a abertura promovida nos anos ‘80 pelo governo de Deng Xiaoping, que se tornou possível certo diálogo e movimento eclesial, com a reabertura de algumas igrejas, seminários e casas religiosas. Mais uma vez o sangue dos mártires fôra semente de novos cristãos e a fé permanecera viva nas comunidades com o testemunho de fidelidade a Cristo e à Igreja.
            O Papa lembra que alguns pastores, unidos ao sucessor de Pedro e fiéis à doutrina católica, não hesitaram em receber clandestinamente a consagração episcopal, com grave risco de vida. Outros, após receberem a ordenação episcopal sem mandato apostólico, pediram para serem recebidos na comunhão com o Papa e com seus irmãos no episcopado.
            Durante os anos ´90, o Papa João Paulo II dirigiu várias mensagens e apelos à Igreja da China para a unidade e a reconciliação entre a chamada Igreja Patriótica e a verdadeira Igreja Católica, unida ao Papa. Mas, infelizmente, as tensões com as Autoridades civis e dentro da comunidade católica não diminuíram.
            Em janeiro de 2007, realizou-se em Roma um encontro de uma Comissão especial, constituída de peritos sinólogos e membros da Cúria romana, que seguem de perto os problemas da Igreja na China. Bento XVI participou da última reunião e daí surgiu a decisão desta  Carta Apostólica.

            

A Saúde de Dom Bosco


            A Senhora do sonho dos nove anos recomendara  a Joãozinho Bosco que se tornasse “humilde, forte e robusto”. Sua terra natal, sua condição de camponês, trabalhador da terra, a vida austera na atividade do campo lhe asseguravam robustez, própria de sua condição.  É bom notar que absolutamente, sua situação social não era de extrema pobreza, pelo que seu pai deixara em testamento (Braido, vol. 1, pg. 113).                
                Assim crescera João Bosco na sobriedade e na austeridade dos campos de Castelnuovo d`Asti no Piemonte, norte da Itália, “forte e robusto” como lhe dissera a Virgem do sonho.
                 Dom Lemoyne, seu biógrafo, fala de “malferma salute” (saúde precária) de João Bosco quando seminarista. Mas ele mesmo  narra  fato extraordinário,  contrariando tal afirmação.. Em 1840, após um mês de cama, com insônia contínua e absoluta inapetência, o seminarista Bosco foi desenganado pelos médicos. Mamãe Margarida, sem nada saber, foi visitá-lo e levou-lhe um grande pão de fabricação doméstica  e uma garrafa do generoso vinho das colinas de Asti . Encontrando-o assim enfermo, queria levar de volta o alimento e a bebida que trouxera, por achá-los ambos absolutamente inconvenientes ao seu estado de saúde. Ele, porém, suplicou à mãe que deixasse tudo ali, à sua cabeceira. Quando a mãe saiu,  começou a provar um pouco do vinho e uns pedaços do pão. A seguir, comeu o pão  todo e bebeu  toda a garrafa de vinho. Entrou em  profundo sono, que durou uma noite e dois dias seguidos. Os superiores do Seminário consideravam aquele sono precursor da morte. Mas João,  ao acordar, ante o estupor de todos,  estava completamente curado e retomou de imediato suas atividades ordinárias de estudante seminarista. (MB vol. I, pg. 482)
            Na instalação definitiva do Oratório, no prado de Valdocco, periferia de Turim, em 1846,  Dom Bosco sofreu  forte crise de estafa, que o levou às portas da morte. Após período de repouso e vida nos campos da terrinha natal, voltou com sua Mãe para Turim, onde retomou com vigor o iniciado trabalho em favor dos jovens abandonados ou empregados nas construções, que perambulavam sem rumo pela capital do Piemonte.
                O volume IX de suas Memórias biográficas (são 20 ao todo, incluindo o Índice Geral) a páginas 945, fala de uma estranha doença de Dom Bosco, com a dilatação de sua calota craniana, por volta do ano 1870,  após seis meses de contínua dor de cabeça. No início do ano letivo de 1871, portanto em outubro, em Varazze, onde fora em visita aos alunos, contraiu grave enfermidade na pele que o reteve naquele colégio, recém-inaugurado, só voltando a Turim na metade de janeiro do ano seguinte (MB X, pgs. 227-312)
                Também em 1884, portanto a menos de quatro anos antes de sua morte, os médicos constataram um desvio de sua costela externa (MB IX pgs. 945)
                Conta-se ainda que, no fim da vida, os médicos declararam que sua doença, não era outra, a não ser um total esgotamento de suas forças físicas, comparando-o a um tecido, que se esgarça pelo uso excessivo e prolongado.
                É o que sabemos das fontes seguras da biografia de nosso Pai, Dom Bosco, “humilde, forte e robusto” como lhe dissera nos albores da existência,  Aquela “que tudo fez”.


Um seminarista mártir

Motivo grave e emoção profunda, só essas causas poderiam fazer um Cardeal da Cúria romana emocionar-se em público numa cerimônia litúrgica. Foi o que aconteceu com o Cardeal salesiano Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, presidindo em Módena-Itália, em nome do Papa Francisco, a cerimônia de beatificação do jovem seminarista Rolando Rivi, em 5 de outubro passado.
                É um novo mártir da fé que levou seu compromisso com Cristo até o derramamento do sangue. Nasceu em 1931 e, de pequeno, seu sonho era tornar-se sacerdote. Aos 11 anos, entrou no seminário e, como era costume na época, recebeu a veste talar, a batina, que se tornou a partir de então o seu “uniforme”, como ele dizia. Era o sinal visível de seu amor a Jesus e sua pertença total à Igreja. Sentia-se orgulhoso com sua veste talar e a usava no seminário, no campo, em casa. Era o distintivo de sua escolha de vida – dizia - que todos podiam ver e entender. Por causa da confusão do final da guerra na Itália, muitos o aconselhavam a deixar de usar a batina, pelo ódio que os “partigiani”, em parte, comunistas, tinham contra o clero.  Rolando respondia: “Não posso, não devo deixar a minha veste. Não tenho medo, estou feliz por usá-la. Não posso esconder-me. Eu pertenço ao Senhor.”
                No  dia 10 de abril de 1945, pouco mais de um mês do fim da 2ª Guerra mundial, os “partigiani”, cheios de ódio, capturaram Rolando. Ele foi despido, insultado e maltratado com chicotadas, para admitir uma improvável atividade de espionagem. Depois de três dias do rapto, sem que os chefes o soubessem, o jovem foi mutilado e depois assassinado com dois tiros de pistola, um na fronte esquerda e outro no coração.

                “Era muito jovem – disse o Cardeal Amato – para ter inimigos. Para ele, todos eram irmãos e irmãs. Não seguia uma ideologia de morte, mas professava o evangelho da vida. Rolando tinha compreendido bem a mensagem do Evangelho:  Amar também os inimigos, fazer o bem a quem o odiava e abençoar  quem o amaldiçoava. Celebrar o martírio do jovem Rolando é uma ocasião para bradar forte: nunca mais o ódio fratricida, porque o cristão verdadeiro não odeia, não combate ninguém. A única lei do cristão é o amor a Deus e ao próximo. As ideologias humanas desabam, mas o Evangelho do amor nunca tem fim, porque é uma boa nova. A beatificação de Rivi é uma boa notícia para todos. Estamos aqui reunidos para celebrar a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, da caridade sobre o ódio. Do sacrifício de Rolando, concluiu o Cardeal, derivam quatro exortações para nós: perdão, força, serviço e paz. De modo particular, ele dirige-se aos seminaristas da Itália e do mundo, convidando-os a permanecer fiéis a Jesus, a sentir contentamento e quase orgulho pela sua vocação sacerdotal e a testemunhá-la com alegria, serenidade e guarda da castidade.”

Os Bispos com a juventude


           
              Precioso legado nos deixou o Santo Padre o Papa Francisco quando, na recente Jornada Mundial da Juventude no Rio, conclamou a Igreja a ter especial atenção para com os idosos e a juventude. Ele dizia: “as pontas extremas da existência humana...”
                Atentos a essa recomendação do Pontífice e como um dos frutos para a nossa região da Jornada da Juventude, os bispos do Regional Nordeste 2 da CNBB (RN¸PB,PE e AL) dedicaram sua Assembléia Regional ao tema:”Evangelização da Juventude”, tomando por lema a frase bíblica “Ide e fazei discípulos meus todos os povos” (Evangelho de Mateus, 28,19).
                Foram três dias de trabalhos, precedidos do encontro fraterno e particular dos bispos do nordeste, no convento de Ipuarana, Lagoa Seca, diocese de Campina Grande. Excelente assessoria foi o serviço prestado aos bispos, assessores da juventude e jovens, pelo  bispo Dom Eduardo Pinheiro da Silva, salesiano, presidente da Comissão de pastoral da juventude da CNBB. Duas publicações da CNBB orientaram os trabalhos, conduzidos por Dom Eduardo: o estudo “Pastoral Juvenil no Brasil – identidade e horizontes”; e o documento nº 85: “Evangelização da juventude”.
                Através dos resultados dos trabalhos realizados pelos grupos de cada diocese e apresentados no último dia, ficou evidente a necessidade de uma comissão para pensar a formação de assessores da pastoral juvenil em âmbito regional. Todas as dioceses acentuaram a necessidade de formação dos assessores da juventude. Uma diocese sugeriu a redação de um subsídio em três eixos: VER – a realidade juvenil nos seus aspectos humano-afetivos e de liderança; ILUMINAR – com a Palavra de Deus na Bíblia e no Magistério da Igreja; AGIR, atendendo à realidade do jovem nordestino, seus anseios e necessidades. 
                Outra carência notável que foi diagnosticada em nosso regional pela Assembléia é a referente à pastoral universitária. Não temos pessoas habilitadas para esse trabalho, não temos formação de autênticos líderes cristãos, que por certo saem das universidades, enfim não temos uma autêntica e vigorosa pastoral universitária, apesar dos merecidos esforços de vários movimentos de formarem uma Nova Universidade, que será a Universidade onde Cristo reine soberano e os princípios da ética cristã sejam vividos e respeitados.
                Que a palavra ardente e fervorosa do bispo de Roma ecoe no coração e na vida de nossos Jovens: ”Ide, sem medo, para servir!” 

O Papa e a Paz


            “Nunca mais a guerra! Nunca mais!” – foi o brado suplicante do Papa Paulo VI em 4 de outubro de 1965 à  Assembléia das Nações Unidas, acrescentando: “Nunca mais uns contra os outros, nunca mais”. Papa Francisco retomou este brado de paz, do qual se fez intérprete, lembrando que a “a humanidade é uma única grande família sem distinções”. No Angelus  do domingo, 1º de setembro, ele exclamou: “O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.” Foi nesse Angelus, que o Papa reza da janela do Palácio Vaticano,  todos os domingos, ao meio-dia, com os fiéis na Praça de S. Pedro, que ele convocou toda a cristandade e os homens de boa vontade do mundo inteiro para no sábado seguinte, que era 7 de setembro, fazer um dia de jejum e de oração pela paz na Síria.
              Aos cristãos ortodoxos da Igreja sírio-malancar, cuja delegação ele recebeu no dia 5 daquele mês, o Papa Francisco convidou a juntos superar a cultura do confronto pela cultura do encontro, unidos católicos e cristãos ortodoxos na oração pela Síria.
            No sábado, 7 de setembro, unido a toda a Igreja naquele mesmo horário, o bispo de Roma concluiu o dia de  jejum e oração pela paz, com uma celebração das 20 às 24 horas na Praça de São Pedro, com  participação de cerca de 100 mil pessoas. Dois jovens sírios, Amman e Ismael, com a bandeira de seu país, em nome de grande número de muçulmanos, que participaram da celebração, afirmaram: “Estamos todos aqui para agradecer ao Papa, que demonstrou  compaixão  pelo nosso povo e porque hoje estamos todos unidos na oração pela paz”. Foram a oração e o jejum as armas indicadas pelo Papa Francisco para afastar a violência e a guerra.
              Espantam os números do conflito que já provocou mais de cento e dez mil mortos, numerosíssimos feridos e mais de seis milhões de deslocados e refugiados. As fotos das crianças famintas, divulgadas pela imprensa, são de cortar o coração. “Um ulterior agravamento da situação militar na Síria só teria tristes consequências para aquela população já tão sofrida”, disse com amargura o Cardeal Robert Sarah, presidente do Pontifício Conselho  Cor Unum, enviado do Papa para visitar pessoalmente os campos de refugiados  no Líbano e na Jordânia.
No esforço para evitar o pior, que seria uma intervenção militar dos Estados Unidos ou das potências européias, o Papa Francisco escreveu uma carta, datada de 4 de setembro,  ao presidente russo Vladimir Putin, que presidiu em São Petersburgo a reunião do G20, as vinte maiores potências econômicas do mundo. “Os chefes dos estados do G20 tomem consciência de que é inútil a pretensão de uma solução militar na Síria” – advertiu o Pontífice. E acrescentou: “Infelizmente, os demasiados conflitos armados que hoje afligem o mundo apresentam-nos, todos os dias, uma dramática imagem de miséria, fome, doenças e morte. Com efeito, sem paz não há qualquer tipo de desenvolvimento econômico. A violência nunca leva à paz, condição necessária para esse desenvolvimento.”
São essas as expressões da solicitude pastoral do Santo Padre, Pastor da Igreja de Cristo Jesus, pela paz no mundo e, agora, com empenho especial pelo Oriente Médio e em particular pela Síria que vive no momento uma história de dor e de morte.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Papa e o jornalista

            Salutar espanto e positiva admiração causou a carta que Papa Francisco escreveu ao jornalista italiano Eugênio Scalfari, em resposta a dois artigos, publicados no jornal La Repubblica de 7 de julho e 7 de agosto.
               De início, o Papa Francisco agradece à atenção que o jornalista deu à encíclica Lumen Fidei, que o pontífice declara que “meu amado Predecessor concebeu e em grande parte redigiu e que eu herdei com gratidão”. E acentua que a encíclica é dirigida não só para confirmar na fé os que creem em Jesus Cristo, mas também a suscitar um diálogo sincero com aqueles que, como Scalfari “se define como um não-crente há muitos anos interessado e fascinado pela pregação de Jesus de Nazaré.”
Pela estreiteza de espaço, vou limitar-me às manchetes e a um resumo da resposta que o Santo Padre deu às três perguntas do jornalista. Destacava o jornal italiano em sua edição de 11 de agosto: “O Papa: minha carta para quem não crê” – “Francisco responde a Scalfari: Deus perdoa a quem segue a própria consciência” –  “Aos não-crentes: se obedecerdes à voz da consciência, tereis o perdão de Deus” –“Também para quem tem fé, a verdade não é absoluta; nós não a possuímos, é ela que nos abraça” – “Os irmãos judeus conservaram sua fé em Deus e disso, nunca lhes seremos suficientemente gratos, como Igreja e também como humanidade”.
               Respondeu o Papa Francisco: “Pareceu-me que sua preocupação maior é conhecer a atitude da Igreja em relação aos que não condividem sua fé em Jesus. O senhor me pergunta se o Deus dos cristãos perdoa a quem não crê e nem busca a fé. Dado o fundamental que a misericórdia de Deus não tem limites, a questão para quem não crê está no obedecer à própria consciência. O pecado, seja para os incrédulos como para os crentes, está em pôr-se contra a sua consciência. Outra indagação do senhor é que admitir que não existe nada absoluto, nem uma verdade absoluta, seja isso um horror ou um pecado. Segundo a fé cristã, a verdade é o amor de Deus por nós em Jesus Cristo. Portanto, a verdade é uma relação! Em seu último artigo, o senhor me pergunta se com o desaparecimento do homem sobre a terra, desaparecerá também o pensamento capaz de pensar Deus. Respondo: Deus é realidade – Jesus no-lo revelou como um Pai de bondade e de misericórdia infinita. Portanto, Ele não depende do nosso pensamento. Pela fé cristã, este mundo, como o conhecemos, está fadado a desaparecer. Mas o homem não terminará de existir, como também o universo criado com ele. Não sabemos como. A Sagrada Escritura nos fala de “novos céus e nova terra!” e que Deus será tudo em todos.”
               Termina o bispo de Roma: “Caro Dr. Scalfari, concluo assim estas minhas reflexões, provocadas pelo que me escreveu. Receba-as como a tentativa de uma resposta provisória, mas  sincera e confiante. Convido-o a fazermos juntos um trecho do caminho. A Igreja, creia-me, não obstante todos os erros e pecados que possa ter cometido, não tem outro sentido e outro fim, a não ser viver e testemunhar Jesus. Ele foi enviado pelo Pai – Abbá – “a dar a boa nova aos pobres, a proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e proclamar o ano de graça do Senhor (Lc 4, 18s)”.
               Notável a conclusão da carta publicada no jornal:
            “Com fraterna proximidade, Francisco.”
               Foi assim a primeira carta na história que um Papa escreveu para um jornal leigo, ainda mais tido como “de esquerda”...


"Meninos, eu vi!"

         Parodiando Gonçalves Dias em seu poema "I Juca Pirama", posso dizer: Meninos, eu vi! Sim, eu vi nos dias 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro, a vibração dos jovens peregrinos do mundo inteiro, o carisma e a simpatia irradiante da santidade de nosso Papa Francisco, a organização e o trabalho insano dos milhares e milhares de voluntários, dirigidos pela Comissão arquidiocesana de organização e empenhados num perfeito serviço de logística e desenvolvimento de tão variadas e complexas atividades, que compunham o mega evento - o maior da história  do Brasil - que foi a Jornada Mundial da Juventude. Para receber este título, basta pensar que a missa de envio do domingo, 28, na praia de Copacabana, que encerrava os atos centrais da Jornada, contou com uma multidão de mais de três milhões de pessoas.
                Na quarta, 24, participei em Niterói do encontro mundial do Movimento Juvenil Salesiano, em que os jovens dialogaram com Reitor Mor, Padre Chavez e a Superiora, Madre Reungoat. Na quinta e na sexta, 25 e 26, participei com Dom Valério Breda das catequeses que ele administrava por mandato da Comissão Pontifícia dos Leigos, confessando os jovens em grande número, sendo que no último dia, na paróquia de N. Sra. do Carmo, presidi à concelebração eucarística, dirigindo alguns palavras de incentivo e entusiasmo aos jovens na sua missão de evangelizar os outros jovens. O Papa Francisco, depois de Aparecida, foi acolhido pela Jornada na noite da   quinta, 25. Sexta, 26, em Copacabana, realizou-se com muita piedade e arte a belíssima Via Sacra. Na noite do sábado, o Papa presidiu a adoração eucarística, iniciando a vigília de encerramento.
                 No domingo, 28, foi a  apoteótica conclusão com o envio dos jovens, discípulos e missionários, para levar Jesus à juventude. O Papa resumiu em três expressões sua mensagem: Ide - Sem medo - Para servir. Ainda na tarde daquele domingo, no encontro de despedida com os milhares de voluntários, a afirmação de Francisco que causou estupor e maior impacto foi aquela: O jovem que não protesta, "no me gusta" - não me agrada!
                   Realmente, devo dizer: "Meninos, eu vi! "

       

       

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

COMO E POR QUE SOU SALESIANO




Depoimento

Não me lembro do tempo em que não quis ser padre. Desde a primeira infância, pensava em ser padre, professor e jornalista.Como salesiano, exerci o magistério nos três colégios, onde fui diretor.  e ainda como bispo, dei aulas no Seminário de Maceió. E nem depois de bispo emérito, deixei de dar um cursinho lá e cá. Em Noronha e no Recife.                  Jornalista, fui a vida toda. Fiz alguns cursos breves de jornalismo, rádio e televisão, inclusive na famosa Escola Gásper Líbero de São Paulo. Tive algumas oportunidades raras nesse campo. Participei de duas tardes do Festival de Cinema de Veneza, levado pelo amigo Marco Bongiovanni., Como turista, já bispo, visitei Hollywood, a Meca do cinema mundial. Mas, no campo do jornalismo, o importante mesmo foi dirigir por nove anos a revista “Cooperador Salesiano” e, depois, como emérito, criei o boletim da ADMA e, ainda, o boletim “Santuário”, que após  nossa igreja ter recebido o título de Basílica, passou a chamar-se “O Semeador”. Hoje escrevo um artigo quinzenal para a GAZETA DE ALAGOAS, para O SEMEADOR de Maceió, e eventualmente, algum artigo meu é publicado na Coluna das religiões do Jornal do Commercio, aqui no Recife.
Mas o sentido de minha vida está todo no sacerdócio salesiano. Ao concluir o curso primário, como se chamava então, com 10 anos, procurei, como era natural, ingressar no Seminário de Olinda. As despesas eram exorbitantes. Além de um longo enxoval para entrada, havia a aquisição de duas batinas, que eram de uso diário e uma taxa mensal.  Papai estava desempregado, porque a firma onde ele trabalhava falira. Era a Lafaiette, fabricante de cigarros, que tinha uma loja de vendas de seus produtos na esquina da 1º de março com a rua do Imperador, onde Papai era gerente e, pela importância daquele local, era bem conhecido no Recife.   Acontece que como aluno do Colégio Moderno em Afogados, tinha um professor, secretário e responsável maior do colégio. Era o professor era Estácio Antunes, ex-salesiano e muito amigo de um seu antigo colega, o Padre Aécio Polla, diretor do Colégio Salesiano do Recife. Um belo dia, Prof. Estácio perguntou-me: “Você quer ser padre salesiano?” Pedi três dias para pensar e respondi que sim. E foi assim que no dia histórico da morte do Papa Pio XI, o Papa de Dom Bosco, 10 de fevereiro de 1939, em companhia de meu amigo, Luiz Marinho Falcão, ingressei no aspirantado de Jaboatâo.
No ano seguinte, o aspirantado transferiu-se para o Colégio do Recife. Voltei para o noviciado em Jaboatão em 1943 e aí, no dia 31 de janeiro de 1944, fiz meus primeiros votos religiosos. Assim, se chegar lá, no próximo 31 de janeiro, estaria completando 70 anos de profissão, já o mais antigo de votos de nossa Inspetoria.
Em Natal, cursando o primeiro ano de filosofia, tive uma forma benigna de tuberculose pulmonar: infiltração nos hilos dos dois pulmões, daí se irradiando para os ápices. Vim ao Recife tratar-me com o Dr. Miguel Archanjo, que daí em diante, tornou-se grande amigo do colégio. 1945 foi meu ano de tirocínio em Cajazeiras, onde era vice-assistente e secretário do colégio. Em 1946, voltei para o Recife e, finalmente, de 1947 a 1949 fui para a casa de repouso de São José dos Campos, onde tive a grande graça de conviver com o santo Padre Rodolfo. Nestes três anos, estudava filosofia e prestava exame de cada tratado concluído.
Fiz votos perpétuos em janeiro de 1950 e durante o ano, o tirocínio. Meus felizes anos de teologia foram de 1951 a 1954, no Instituto Teológico Pio XI da Lapa. Fui ordenado em 8 de dezembro de 1954, data centenária do Dogma da Imaculada,  com 19 colegas de todo o Brasil na Catedral de S.Paulo pelo cardeal Dom Carlos Mota.
1955 a 1964, secretário inspetorial. Reitor do Santuário do Sagrado Coração, hoje Basílica, em 1965. Depois, diretor dos colégios de Aracaju, Recife e Natal de 1966 a 1975. De maio de 1971 a janeiro de 1972, tive a grande felicidade de participar, em Roma, do maior Capítulo     Geral da história de nossa Congregação - sete meses- que teve a difícil tarefa de fazer novas Constitiuições.
Em 20 de abril de 1975, em Natal, fui sagrado bispo, para ser auxiliar de Aracaju. Cinco anos, de 1980 a 1985, fui bispo de Parnaíba e de 1986 a 2002 fui arcebispo de Maceió. Os três estados mais pobres do Nordeste: Sergipe, Piauí e Alagoas. Feito emérito em julho de 2002, ainda tive experiências pastorais bem interessantes e diversificadas: quatro meses, no Japão, com os brasileiros para lá emigrados; e depois, como Delegado do :Arcebispo Dom José Cardoso, seis anos em Fernando de Noronha. Por fim, o Padre Inspetor de então, Padre João Carlos, confiou-me a reitoria do nosso Santuário, para o qual consegui, com a ajuda de amigos em Roma, receber o título de Basílica.
Agora, ao partir para minha eternidade, deixo em Maceió a mais preciosa herança de minha vida salesiana. É a Fundação João Paulo II, gestora de cinco obras em favor da juventude pobre e abandonada, como queria nosso Pai.  A primeira é a CASA DOM BOSCO, fundada no primeiro aniversário da Visita Pastoral de João Paulo II a Maceió, destinada antes aos meninos-de-rua, os “cheira-cola”, hoje, para os adolescentes, vítimas do crack e outras drogas. É um belo prédio, com salão multi-uso, salas de aula, laboratório de informática, consultório dentário, quadra coberta, uma pequena piscina de plástico e uma criação de animais. Temos ainda a Casa Dona Assunta, a Casa Maria Amélia, a Casa “Totus Tuus”, uma pequena pousada para universitários pobres do interior e, por último, neste ano, recebemos como dádiva do céu, a Escola Carlo Novello, régio presente de uma família italiana.
Concluo aqui, rendendo graças ao bom Deus por ter-me chamado desde a adolescência à família de nosso Santo Pai, Dom Bosco, ao qual tudo devo como religioso consagrado, sacerdote e bispo da Igreja de Jesus.
Te Deum laudamus!

Dom Edvaldo G. Amaral SDB


“O HOMEM QUE NÃO QUERIA SER PAPA"




               Com esse sugestivo título, o jornalista alemão Andreas Englisch traça com clareza um aprofundado perfil da extraordinária figura do maior teólogo deste nosso século: Joseph Ratzinger, “o homem que não queria ser Papa”. É obra de demorada pesquisa, considerada por seus editores “uma narrativa envolvente, com paixão jornalística e meticulosa pesquisa.” Englisch mudou-se para Roma em 1987 e, desde então, trabalha com dedicação como jornalista especializado em assuntos do Vaticano.
                    Ele descreve com precisão a psicologia de Bento XVI, como professor universitário,  e escritor de grandes obras teológicas. Após uma experiência pastoral como arcebispo de
Munique e Freising de 1977 a 1981,  João Paulo II o chamou a Roma para confiar-lhe a difícil tarefa de Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional em 25 de novembro de 1981. Foi maldosamente  chamado por alguns de “o guardião da ortodoxia católica”.
                    Sabe-se que ele fez de tudo para não ser eleito Papa. Contígua à capela Sistina, onde o colégio cardinalício elege o novo Papa, há um aposento apelidado de “sala das lágrimas”, no qual o eleito troca a batina vermelha cardinalícia pela batina branca dos papas. O nome dessa sala caiu bem para o eleito no conclave de 2005. Acontece que a casa Gammarelli, que por tradição confecciona 3 batinas brancas para o final do conclave: uma pequena, uma média e uma grande, para atender à altura do possível eleito, daquela vez fez uma batina que ficou curta demais para o novo Papa. Era talvez um indicador de que ele não fora feito para aquela batina branca...
                    Suas primeiras palavras no balcão da basílica de S. Pedro são expressivas: “Após o grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, a mim, um humilde e simples operário da vinha do Senhor.” Nada de cardeal panzer, nem muito menos o papa que iria congelar a Igreja. Foi um pontificado sofrido, isso sim. Seu discurso na Universidade de Regensburg, com a citação do imperador bizantino sobre Maomé, trouxe-lhe amarga reação do mundo muçulmano. Com toda a humildade, ele confidenciou aos íntimos que poderia muito bem dizer aquilo como professor universitário, mas não como papa. Convidado pela Reitoria, a recusa dos estudantes da Universidade romana “La Sapienza” em recebê-lo, feriu profundamente o professor universitário que ele era. Seu pronunciamento sobre o uso de preservativos no combate a AIDS na África atraiu-lhe violentas reações. Seu discurso em Auschwitz sobre o extermínio dos judeus foi criticado com veemência. O perdão das excomunhões aos quatro bispos seguidores de Levefbre, sagrados sem mandato pontifício, incluiu o bispo Willianson por falta da informação de que esse bispo havia negado o holocausto judaico. Isso custou amargas queixas dos judeus ao sensível papa alemão. Ao mesmo tempo, Bento XVI foi mais contundente quanto aos padres pedófilos, especificamente da Irlanda – amarga herança que lhe deixou seu antecessor - também acolhendo com carinho as vítimas desses crimes em várias ocasiões.

                    Com sua humilde renúncia ao supremo pontificado, ficou claro ao mundo que Joseph Ratzinger é um “homem que não queria ser papa”...      

LIÇÃO PARA A EUROPA



                              Não são raros santos reis e rainhas, lembrados no calendário litúrgico da Igreja. Portugal venera com especial devoção sua “Santa Rainha”, como é chamada S. Isabel de Portugal, comemorada a 4 de julho. Temos com grande realce S. Luiz IX, rei da França, neste 25 de agosto. Certo historiador comentava, com uma ponta de ironia, que a “realeza francesa havia chegado a uma tal perfeição, que podia dar-se ao luxo de ter um santo como monarca”. Infelizmente, após Luiz XV, as coisas mudaram muito até a Revolução Francesa (1789), e as cabeças coroadas rolaram sob a lâmina da guilhotina. Além de Santa Isabel da Hungria,  17 de novembro, tivemos no dia 16 deste mês Santo Estêvão, também da Hungria. Sobre ele, sabemos que foi coroado rei da Hungria no ano 1000. Falecido em 1038, é chamado o “rei apostólico da Hungria”. Exerceu o cargo, dizem as crônicas, com sabedoria e empenho. Consagrou o reino à Virgem Maria, que ele chamava “a Grande Senhora”. Praticou com especial esmero a justiça para com os pobres, a quem ele pessoalmente evangelizava.              
Valioso presente enviou-me nesses dias meu amigo Dom Valério Breda. É a nova Constituição do Estado Húngaro, que contem algumas expressões dignas de nota, nesta hora em que a Europa esquece suas autênticas origens cristãs.
               A Lei Fundamental da Hungria, aprovada em 25 de abril de 2011, começa dizendo: “Deus abençoe os húngaros!” E no início da Profissão Nacional, afirma com clareza e convicção: “Nós, membros da Nação húngara, no início deste novo milênio, proclamamos o seguinte: Somos orgulhosos que o nosso Rei Santo Estêvão tenha construído o estado húngaro sobre sólidas bases e o tenha feito parte da Europa cristã, há mil anos atrás. Reconhecemos o papel do cristianismo em haver preservado a nação. Apreciamos as várias tradições religiosas de nosso país e prometemos preservar a unidade intelectual e espiritual de nossa nação, dilacerada pelas tempestades do século passado.” E mais adiante: “Consideramos que a família e a nação constituem a estrutura principal da nossa convivência e que os valores fundamentais de coesão sejam a fidelidade, a fé e o amor.”
Fica assim explicado por que os eurocratas, que no Tratado de Lisboa conseguiram eliminar qualquer referência às raízes cristãs da Europa, agora persigam a Hungria pela sua destemida declaração das origens cristãs do continente, que no século 16 foi o evangelizador do Novo Mundo e hoje está totalmente descristianizado.
Esta é uma boa lição para a Europa...

O IOR é necessário ou dispensável?



               Em primeiro lugar, vejamos sua origem histórica e finalidade. A sigla IOR quer dizer “Instituto para as Obras de Religião”. Não confundir com o Banco Ambrosiano, de Milão, com o qual o IOR infelizmente andou se envolvendo em operações pouco limpas nos tempos do arcebispo Marcinkus, organizador e espécie de chefe da segurança das viagens do Papa João Paulo II e, por isso, mundialmente conhecido. O IOR foi criado em 27 de junho de 1942, absorvendo a “Administração das Obras de Religião”, que havia sido instituída por Leão XIII em 1887. Foi reformado ainda pelo Beato João Paulo II em 1º de março de 1990. Sua finalidade é prover à guarda e administração dos bens móveis e imóveis, destinados  às obras de religião ou de caridade em toda a Igreja. Ele é controlado por uma comissão de cinco cardeais, presidida pelo Secretário de Estado, mas tem presidência própria.
               Em uma missa celebrada na Domus Sanctae Marthae, disse o Papa Francisco: “Estão aqui  alguns do IOR e que eles me desculpem, mas devo dizer que tudo é necessário, mas até um certo ponto. A Igreja não é uma ONG (organização não-governamental) mas é uma história de amor. Por isso, o IOR como os outros organismos vaticanos são necessários como ajuda a essa história de amor. Quando a organização toma o primeiro lugar e desaparece o amor, a Igreja, pobrezinha, torna-se uma ONG, isto é, vira uma burocracia e perde sua principal característica, que é o amor.” Em 24 de junho, o Papa havia criado uma comissão de inquérito, presidida pelo Cardeal Rafael Farina, salesiano, mais o Card. Jean Louis Touran, já membro da comissão anterior do IOR, Don Juan Ignacio Arrieta, jurista, do Opus Dei, Mons. Peter Bryan e a Profª  Mary Ann Glendon. Esta comissão foi recebida pelo Papa em 10 de julho, juntamente com o presidente do banco, Dr. Ernest Von Freyberg, nomeado ainda por Bento XVI em 15 de fevereiro deste ano, pouco antes de sua renúncia.
               Em longa entrevista ao l´Osservatore Romano, Dr. Freyberg definiu o IOR como um serviço à Igreja no mundo. E especificou que o banco do Vaticano, em favor das dioceses, congregações e instituições católicas, tem 19.000 clientes em todo o mundo e gerencia cerca de sete bilhões de euros. “Esses fundos – esclareceu o presidente do IOR – são postos inteiramente a serviço da Igreja Católica e usados para hospitais, clínicas, missões e escolas nas regiões pobres. Seu propósito é garantir o sistema interno de uma instituição financeira de alto nível, com tolerância zero às atividades ilegais.” Finalizou afirmando com ênfase: “Nossos clientes não querem que o IOR feche; não desejam dirigir-se a outras instituições financeiras. Nosso maior desafio atual é eliminar todas as sombras e deixar resplandecer o Evangelho.”
               O diretor do IOR Paolo Cipriani e seu vice Massimo Tulli pediram demissão em 1º de julho e suas funções foram assumidas interinamente pelo próprio Presidente Von  Freiberg.
O Mons. Nunzio Scarano foi detido pelas autoridades policiais, quando tentava levar para o território italiano milhões de euros em avião particular, para não os declarar na alfândega. O Vaticano congelou seus ativos.
               “Não creio que a Igreja possa não ter uma organização administrativa, que torne fatível sua missão” – afirmou o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer, em entrevista ao jornal romano “Il Messaggero”. E continuou: “O IOR não é um banco, mas é um instituto com finalidades específicas de serviço. A questão não está tanto em possuir meios, mas na forma como são geridos: Decoro, honestidade, transparência, serviço”.
               Acho que nesses quatro termos do Card. Scherer estão resumidas, com clareza e objetividade, a razão de ser e a forma de operar do banco do Vaticano, o agora combatido IOR.




quarta-feira, 10 de julho de 2013

DOM BOSCO E OS TEMPOS

  Nos já longínquos idos de 1960, realizou-se no Recife o 1 °  Encontro Inspetorial dos Cooperadores Salesianos, tendo por lema “Com Dom Bosco e com os tempos”. Nosso país está vivendo nesses dias o impacto das novas leis sobre horário de trabalho das empregadas domésticas, que eram outrora carinhosamente chamadas de “secretárias do lar”.
       A situação dos trabalhadores na incipiente indústria da Turim da metade do século 19 era cruel e desumana. Os patrões exigiam 14 até 16 horas de trabalho diário de uma semana de seis dias. Com frequência, desrespeitavam feriados e dias santos da Igreja. Exemplo gritante dessa situação foi a lei de 1886, já perto da morte de Dom Bosco que, com resistência de alguns industriais, fixou como idade mínima para trabalhar numa fábrica nove anos de idade!
        Há notável documento manuscrito, do qual possuo cópia parcial, conservado no Arquivo Salesiano de Roma, que os estudiosos da vida de Dom Bosco não hesitam em considerá-lo como o primeiro contrato de trabalho da história do sindicalismo operário.
        Diz o documento: “Pela presente escritura, realizada na Casa do Oratório de S. Francisco de Sales, em Turim, fica acordado o seguinte: O Sr. José Bertolino, mestre carpinteiro, aceita na qualidade de aprendiz, o jovem José Odasso e se compromete a ensinar-lhe a referida arte pelo espaço de 2 anos, a começar no início do corrente anos, e dar ao mesmo conselhos oportunos e salutares em relação à sua conduta moral e cívica, como faria um bom pai ao seu filho. Declara formalmente o supramencionado Mestre que se compromete a deixar totalmente livres os dias festivos do ano para que o aprendiz possa comparecer às funções religiosas do referido Oratório. O supramencionado Mestre se obriga a pagar semanalmente ao aprendiz a importância que foi combinada, isto é, 30 centésimos por dia nos seis primeiros meses, 40 centésimos no segundo semestre, e 60 centésimos a partir do primeiro dia de 1853 até o final do curso. O jovem Odasso compromete-se, por todo o tempo de aprendizado, a prestar seu serviço ao referido Mestre com prontidão, assiduidade e atenção, e ser dócil, respeitoso e obediente, como convém a um bom aprendiz.
        Conclui o curioso documento: “Prometem os contratantes, cada um por sua parte, atender e observar exatamente o referido, sob pena de ressarcimento de danos”. É datado de 8 de fevereiro de 1852.
         O contrato, além de fixar a duração do curso e progressivo aumento do salário, estabelecia também que o jovem aprendiz só poderia ser empregado em trabalho de seu ofício, nunca superior às suas forças físicas; os domingos e festas seriam dias de repouso e cada ano o jovem teria 15 dias de férias.
         Tais condições, para o tempo em que foi estipulado este contrato, representam grande passo nas conquistas dos direitos sociais dos jovens trabalhadores e são de grande significado por terem brotado, como absoluta novidade para os tempos, da mente e do coração de um santo educador.


SANTO – é propaganda?

               Após as recentes beatificações e canonizações de santos brasileiros – e já era tempo para isso – está havendo verdadeira onda de dioceses e congregações religiosas, querendo a todo custo a beatificação de seus bispos e fundadores. É ótimo como modelos de santidade a serem apresentados para estímulo e imitação do Povo de Deus. Mas, agora vem a pergunta: “E basta a propaganda?”
               Em primeiro lugar, a Igreja faz exame minucioso de todos os livros, escritos e pronunciamentos do candidato à honra dos altares. Diante de um tribunal, especialmente criado na diocese, testemunhas, cuidadosamente selecionadas, atestam sob juramento que o servo de Deus – assim é o nome jurídico que ele assume ao iniciar-se a causa – praticou em grau heroico as virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade, e as chamadas virtudes cardeais, prudência, justiça, fortaleza e temperança. Tal processo, uma vez concluído favoravelmente, é remetido a Roma, onde uma Congregação específica, a Congregação para as Causas dos Santos, conforme as normas da Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister de 1983, reexamina todo o processo diocesano. Com o feliz encerramento do processo apostólico, o Servo de Deus recebe o título de Venerável. Passa-se então ao exame dos milagres obtidos por sua intercessão. São geralmente curas com duas características fundamentais: terem sido recebidas pela invocação exclusiva do candidato e não terem nenhuma  explicação científica possível. Há uma junta médica em Roma, que examina cada caso apresentado. Hoje a legislação exige um milagre para a beatificação e outro para a canonização. Antes, eram dois para cada etapa da causa. O Papa, é claro, tem poder para dispensar o candidato dessa exigência, como fez agora o Papa Francisco relativamente ao beato João XXIII.
               Tive em minha vida duas experiências negativas a esse propósito. Procurei dissuadir o superior geral de uma congregação brasileira de iniciar o processo de beatificação de seu fundador, do qual fui uma espécie de secretário. Apesar de ser homem notável por suas realizações – e mais ainda por suas criações, até de uma língua - escreveu um livro com expressões pouco cristãs, referentes a uma nacionalidade. Também quando jovem seminarista, ouvi de certo missionário músico, que perdera o concurso para escolha do hino de um congresso eucarístico, a afirmação: “Não é nada perder, mas perder para um time de segunda categoria”... Tal expressão me pareceu extremamente vaidosa. E sua causa de beatificação está seguindo em nível diocesano... A uma superiora de congregação religiosa brasileira, informei que me recusava a depor na causa de seu Fundador, apesar de admirá-lo muito e ser seu amigo, mas não acho que ele praticou virtudes em grau heroico.
               No Nordeste salesiano, temos o Arcebispo de Fortaleza, Dom Antônio Lustosa, que João Paulo II na capital cearense proclamou “ santo e sábio Arcebispo”. Pena que tal afirmação particular do Papa não vale como declaração canônica de santidade...
               Convivi em S. José dos Campos, de 1947 a 1949, com um verdadeiro santo: o Venerável Pe. Rodolfo Komorek. Sua causa em Roma foi concluída com pleno êxito. Depus em três tardes diante do tribunal diocesano de Taubaté  e depois, tive a alegria de ler as sentenças dos nove juízes romanos, todas elas entusiasticamente favoráveis à declaração de santidade do “padre santo”, como era chamado Padre Rodolfo em vida. A sentença final, favorável, é de 29 de novembro de 1994, assinada pelo Mons. Sandro Corradini, o Promotor da Fé, que leva no vulgo o nome  de “advogado do diabo”, porque tem por missão procurar possíveis defeitos na vida do candidato aos altares. Só falta agora o milagre.

               Daí se vê que não é a propaganda que faz o Santo na Igreja, embora ela seja necessária, e até imprescindível, para que a vida e as virtudes do candidato sejam conhecidas pelo povo de Deus e possa ele ser invocado como intercessor nas necessidades. Talvez seja isso que esteja faltando no processo do “padre santo” de São José dos Campos e do arcebispo “sábio e santo” de Fortaleza... 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O QUE VI NO PADRE RODOLFO

 Conferência no Centenário de nascimento do Padre Rodolfo



1.Introdução


A 25 de agosto de 1947, escrevia o Pe. Rodolfo Komórek uma carta ao seu conterrâneo Pe. José Piasek, que se encontrava em Araxá ( Estado de Minas), dando notícias dos salesianos da Residência de repouso de São José dos Campos. A certa altura, informa: “Estão aqui também Pe. Romeu Wenclawek, de Bagé, e um Sr. Clérigo da província nortista, Edvaldo. Este último, chegado do Recife, parece o mais fraco; os outros, creio, estão melhorando vagarosamente.”


Excelência Reverendíssima, Salesianos, meus irmãos,
Amigos e admiradores do Pe. Rodolfo,

É este clérigo, “o mais fraco” que, passados 43 anos, aqui está para vos dar, com júbilo de alma e alegria de coração, o seu testemunho pessoal sobre a extraordinária figura do Pe. Rodolfo Komórek, salesiano polonês, falecido nesta cidade a 11 de dezembro de 1949 e cujo centenário de nascimento hoje estamos aqui a celebrar.

2.Testemunho pessoal

     Nos “Lusíadas”, Camões apresenta a discutida figura do velho do Restelo que, no cais do porto, apostrofa as caravelas que partiam para a epopéia do Descobrimento. E dele observa o grande bardo lusitano que possuía
      “ o saber só de experiências feito...”
          ( Lusíadas, canto IV, estr.94)

Sem desprezar o muito que já se escreveu sobre o Padre Rodolfo, eu quereria nesta minha despretensiosa palestra, cingir-me quase exclusivamente à minha experiência pessoal. Afora alguma declaração sua em cartas, pretendo apenas transmitir o que vi, o que observei e ouvi do Pe. Komórek nos três últimos anos  de sua vida.
São fatos que falam por si.




3.Meu conhecimento do Pe. Rodolfo.

         Conheci o Padre Rodolfo em um momento privilegiado da sua e da minha existência. Eram os anos 1947-1949. Eu era um jovem seminarista salesiano, com 20 a 22 anos, estudante de filosofia, atingido, embora não gravemente, pela doença que naqueles anos trazia tanta gente a São José dos Campos.
         Para mim, foi um grande enriquecimento na minha formação sacerdotal e religiosa o testemunho de um santo, vivo e perto de mim.
         Para o Padre Rodolfo, aqueles foram os anos finais de sua caminhada para a santidade. Brilharam então de forma esplendorosa seu total despojamento de si próprio e sua heróica doação aos outros, sobretudo os doentes, os pobres e os necessitados de toda espécie.
         Posso desde já sintetizar a figura admirável do Pe. Rodolfo nesta expressão: “Foi um homem todo de Deus, todo doado aos irmãos.” Nada buscou para si, nada reteve para si. Extraordinária sua mortificação da gula e no desprezo pelo mínimo conforto, que o repouso por motivo da doença estaria a exigir. Sua postura na igreja, seus comentários aos acontecimentos do dia a dia, sua palavra de conforto ou de orientação, em qualquer circunstância, revelavam sempre um grande espírito de fé e uma existência voltada unicamente para o sobrenatural e para a vida eterna.  Pe. Rodolfo nos deixava a impressão de viver sempre na presença de Deus e julgar todas as coisas à luz do divino.
         Pe. Rodolfo recusou-se a ensinar-me polonês. Queria, ao contrário, ensinar-me astronomia e aprender a distinguir, no céu estrelado, as constelações do firmamento. Talvez, um símbolo. Ele não me queria ensinar a língua dos homens, mas revelar-me as coisas do céu.
         À sua morte, ante seus restos mortais, na capelinha de nossa Residência, eu pedi ingenuamente a Deus que me passasse o seu conhecimento das línguas, que não era pequeno, que eu tanto ambicionava e que para ele eram já inúteis àquela altura.
         Hoje, eu me recomendo à sua poderosa intercessão junto de Deus para que me conceda, em minha vida de bispo, sua fé viva , sua decisão inabalável no caminho da perfeição religiosa e um pouco ao menos de seu devotamento e dedicação para os outros.


4.Ângulo de visão

      Para entendermos a figura do Pe. Rodolfo, sem riscos de perigosas distorções e lamentáveis equívocos, é mister colocarmo-nos num ângulo de visão correto, a fim de que daí possamos  devidamente aquilatar sua dimensão de herói da santidade.
      Há o perigo de vermos somente aspectos episódicos, convertidos em humorismo e até resvalando para o ridículo.
      Como já fiz em meu depoimento no processo diocesano de beatificação, aqui, em S. José dos Campos, em 1964, tentarei resumir a vida do Pe. Rodolfo na concretização do princípio estabelecido na “Imitação de Cristo”:
      “Quanto mais é oprimida e domada a natureza, tanto maior graça é infundida, e tanto mais cada dia é renovado o homem interior, conforme a imagem de Deus.”
      Toda a vida do Pe. Rodolfo Komórek se resume nesta frase: o completo esmagamento da natureza, em seus movimentos depravados, pela força da graça.
      O que nos descreve a Imitação no capítulo 54 do livro III realizou-se na vida do Pe. Komorek de maneira admirável e, sem dúvida, atingiu o máximo nos seus últimos anos.


5.Primeiro encontro

Conheci-o no dia 15 de abril de 1947, quando cheguei a São José dos Campos. Depois da sua habitual saudação “Laudetur Jesus Christus”, levou-me a visitar um nosso irmão velhinho, que se achava paralítico no leito e veio a falecer dois meses depois, Pe. Manoel Collazzo. Foi o seu primeiro ato de caridade que presenciei. Era edificante vê-lo procurar auxiliar este nosso irmão com grande bondade, fazer com ele novenas a São José para o seu restabelecimento, já considerado impossível. Já antes de recolher-se ao leito pela paralisia, este nosso pobre irmão por doença mental conservava um absoluto mutismo. O Pe. Rodolfo procurava entretê-lo nas recreações, fazendo-lhe companhia e falando-lhe, sem receber dele quase nenhuma resposta.

6. Pobreza e penitência

         A primeira  impressão que dava o Pe. Komorek a quem o encontrava era a de um austero penitente. Sua magreza naqueles anos era extrema, seu porte modestíssimo e castigado, suas palavras raras e bem medidas. Ao mínimo esforço, percebia-se seu arfar cansado. Sua vida, fisicamente considerada, era um perene desafio á medicina. À sua chegada, o médico dissera que, com muito repouso e cuidados, poderia prolongar um pouco seus anos. Ele, ao invés, passou nove anos numa atividade extraordinária, sem se deixar vencer pela doença.
         Seu espírito de pobreza, extraordinário. Todo o seu vestuário era quase sempre aproveitado de outros que haviam morrido. Aliás, a única exceção de que me recordo era uma batina que, conforme me foi dito, os benfeitores salesianos da cidade, vendo-o andar tão mal trajado, mandaram fazer para ele. No primeiro ano em que o conheci, usava-a raramente e só nos dois últimos anos é que ficou sendo de uso diário.
         Alegrava-se com tudo o que era pobre e inferior e sabia habilmente ver vantagens e qualidades nas coisas mais humildes e mesquinhas. Lembro-me que certa vez esforçava-se por demonstrar a alguém mal satisfeito como a comida fria é tão boa como a quente.
         Não só amava a pobreza, mas sentia-se feliz no meio dos pobres. Como tratava com verdadeira afabilidade os velhinhos do Asilo Santo Antônio! Nos anos anteriores, havia sido capelão nesse Asilo e era queridíssimo por todos.
         Sua pobreza se revelava também na economia que fazia das menores coisas, como, por exemplo, do mínimo pedaço de papel. Escrevendo, usava tantas abreviaturas, que nós dizíamos que ele fazia economia até de letras... Na verdade, aprendi com ele a escrever com abreviaturas, que uso até hoje em notas particulares.
         Detestava, podemos assim dizer, o automóvel, considerado naquela época veículo de luxo, que só os ricos possuíam, porque eram todos importados. Ficou célebre o caso de quando foi receber na estação ferroviária o Pe. Gastão, novo diretor. Sendo muito longe da Av. João Guilhermino, onde ficava nossa casa, sempre se usava o carro de aluguel, como se dizia na época. Feitos os cumprimentos, fez o padre entrar no carro e despediu-se, voltando a pé para casa. Nos casos mais graves, pela distância ou pela urgência, usava a charrete, bastante comum naquela época em São José.
         Seu quarto era o mais pobre e despojado da casa. Sempre úmido, tinha às vezes mau odor pela vizinhança com as instalações sanitárias nem sempre bem higienizadas.
         Dizia-se que ele antes dormia no chão. A carta mortuária fala de que dormia sobre tábuas que pusera no leito. Eu tive ocasião de ver essas tábuas.
         De par com sua pobreza, era seu grande espírito de mortificação. Nunca comia carne. Nunca vi tomar bebida alguma, exceto água, e água comum, nem água mineral. Dizia-se que nem mesmo um dos Superiores Gerais em visita, o Pe. Reineri, conseguira que ele tomasse vinho, bebida diária para os europeus.
         Em todas as refeições era mortificadíssimo, preferindo sempre o que os outros rejeitavam.
         Só saía de casa por motivo de caridade e nunca ia a festas que não fossem na igreja.
         Detestava os títulos, cumprimentos e distinções. Só após sua morte, soubemos de condecorações recebidas na 1ª guerra mundial.
         Nunca saiu de sua boca uma palavra inútil. Nunca um gracejo que não fosse necessário à caridade. Sempre que visse um irmão triste e acabrunhado, se aproximava e começava a falar-lhe. Fora desse caso, ouvia. Nas conversas, não permitia o nome de Deus em vão nem exclamações com o nome de Nossa Senhora.


7. Espírito de fé


      Seu espírito de fé era extraordinário e toda a sua vida era dominada pela fé. Revelava-se sobretudo na sua piedade eucarística. Que profundas reverências ao SS.Sacramento! Quantas horas passadas a sós na capela diante do Senhor! Notável seu amor à liturgia. Acompanhava com interesse as primeiras inovações litúrgicas da época, como a nova tradução do saltério, aprovado por Pio XII naqueles anos.
      Grande apreço a bênçãos, indulgências e favores espirituais.
      Ao ouvir a notícia da morte de alguém, vimo-lo muitas vezes recolher-se um instante e murmurar uma prece por alma do falecido.


8. Amor ao próximo

      Seu amor ao próximo levava-o a fazer os maiores sacrifícios para o bem dos outros. Procurava servir a todos, prestar-lhes obséquios quando necessitados. Não deixava ninguém carregar algum peso, sem imediatamente oferecer-se para ajudá-lo.
      Nunca se furtou às confissões, naqueles tempos tão freqüentes e penosas para os sacerdotes. Entregava-se de corpo e alma a esse árduo trabalho com todo o ardor e dedicação, disposto a se sacrificar até o fim neste apostolado que lhe era tão querido.


9. Humildade

      Junto ao espírito de pobreza e penitência, outra virtude que lhe era característica era a humildade.
      Certo sacerdote, visitando nossa casa, ao se aproximar o Pe. Rodolfo, sem discreção, perguntou-lhe: “O senhor é o padre santo?” O nosso padre respondeu-lhe bem seco: “Não; sou um grande pecador.”
      Nessas ocasiões, via-se como ele tinha um caráter forte com respostas bem secas. Mas sabia dominar-se tão maravilhosamente que não deixava escapar nada que ofendesse à caridade. Se para cumprir o dever ou involuntariamente, causava desgosto a alguém, logo pedia perdão com a frase singela e costumeira: “peço perdão”. Usava-a quando entrava no quarto de algum irmão, quando interrompia uma leitura para perguntar algo, quando, enfim, causava o mínimo incômodo  a alguém.

10. Amor ao estudo

      Seu amor à Igreja e à vocação sacerdotal era o que o dirigia em seus estudos. Apesar de não pensar em sarar nem viver muitos anos, nunca deixou de estudar. Sob a aparência humilde que conservava na conversação, ocultava-se um verdadeiro homem de estudo. Não o admirei como professor, mas tive a ocasião de fazer-lhe várias perguntas sobre filosofia, que naquele tempo andava estudando, e ele sempre me explicava muito bem. Vi-o também ler e traduzir com perfeição o grego do Novo Testamento. Estava sempre lendo um dos volumes de Dogmática do Pesch e outro das Memórias Biográficas de Dom Bosco.
      Reparei freqüentemente que a qualquer pergunta que se lhe fizesse, não respondia precipitadamente, mas pensava um instante antes de o fazer.

11. Características do Pe. Rodolfo

      Excelência Reverendíssima, amigos e irmãos, a esta altura, após a exposição desses fatos das minhas reminiscências, gostaria de agrupar minha experiência pessoal do contacto com o Pe. Komórek, em alguns aspectos que julgo mais salientes de sua personalidade.

      1º - Coerência – Uma virtude que é básica na vida do Pe. Rodolfo, virtude que é apregoada em nossos tempos como imprescindível para o homem moderno: é a autenticidade. A vida moderna está a exigir do homem de hoje uma absoluta coerência consigo mesmo, coerência de seu modo de agir e de falar com os princípios norteadores de sua existência, com sua maneira de pensar, enfim, com sua cosmovisão.
      Rodolfo Komorek levou este princípio às últimas conseqüências em seu modo de agir e de portar-se nas mais variadas circunstâncias.

      2º - Fé visível – Essa coerência era fruto de sua fé, que era visível, diria transparente. Era o testemunho vivo de seu amor ao Cristo. Sua maneira de genufletir, sua postura diante do SS. Sacramento diziam claramente a todos os que o observavam que ele tinha profunda convicção da presença real de Jesus na Eucaristia.

      3º - Pobreza e penitência – Já referi alguns  fatos relativos a esses aspectos de sua espiritualidade, mas quero agora apenas acrescentar que essas duas eram as características que saltavam aos olhos de quem encontrava o nosso Servo de Deus. Pobreza nas vestes, pobreza no quarto, pobreza na alimentação, pobreza no poupar as mínimas coisas.
      Penitente no olhar – olhos normalmente baixos, como se vê em suas fotos mais recentes. Penitente no repouso noturno, no qual realmente não usava a cama, como era evidente a quem entrasse em seu quarto. Penitente no aproveitar as comidas mais rejeitadas pelos outros e menos saborosas.

      4º - Amor aos velhos, aos pobres, aos doentes desprezados – O Asilo Santo Antônio e a S. Casa de Misericórdia desta cidade foram os grandes espaços de sua heróica solicitude para com os últimos dos últimos.

      5º - Caridade para com todos – Pe.  Rodolfo não podia ver ninguém carregar um peso, sem que ele o ajudasse. Testemunhei inúmeras vezes seus atos ou ao menos tentativas de ajudar a quem quer que fosse a carregar qualquer coisa volumosa. Era o cumprimento literal da palavra de São Paulo: “ Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos e deste modo, cumprireis a lei de Cristo.” ( Gal 6,2)

      6º - Obediência – Vou citar apenas um exemplo, de que participei. O Inspetor de então havia determinado que os Salesianos cortassem os cabelos uns dos outros, por testemunho de caridade e economia. Aqui, em S,José, os salesianos, porque enfermos, se consideravam dispensados dessa obrigação e vinha regularmente um barbeiro prestar esse serviço à comunidade. Pe. Rodolfo interpretava que a lei era válida também aqui, pois havia determinação escrita nesse sentido. Assim, pouco depois que aqui cheguei, fui surpreendido por ele apresentando-me os instrumentos de cortar cabelos e pedindo-me para  “aperfeiçoar” dizia ele. Já havia iniciado sozinho o corte do próprio cabelo. Cabia-me a tarefa de completar apenas. Assim, me tornei seu barbeiro por aqueles três anos, evidentemente pedindo-lhe que eu mesmo começasse e conduzisse até o fim a “artística” tarefa, da qual eu tinha limitada experiência no Seminário.

  7º - Humildade – Juntamente com a pobreza e a penitência, como falei antes, sua profunda humildade transluzia de sua pessoa, de suas palavras, de suas atitudes. Era na coerência de todo o seu ser que ele era sinceramente humilde. Essa humildade transparecia no seu costumeiro pedido de perdão, a que me referi antes, e se posicionar sempre no último lugar.

  8º - Zelo pelo bem dos irmãos – Sua fé ardente o impulsionava a só valorizar o espiritual, desprezando a matéria. Mas nem por isso deixava de recomendar aos irmãos de cuidar bem da saúde. Dedicava-se aos outros com todas as suas forças, com suas últimas forças físicas ,sobretudo à santificação dos irmãos.

  9º - Uma palavra sobre a sua Missa. Que missa, meus irmãos! Que ato de fé  e de piedade sacerdotal, à imitação de nosso Pai Dom Bosco! A frase que se encontra no quarto mortuário de S. João Bosco se realizava plenamente no Pe. Komórek: “Sacerdote, celebra a tua S. Missa sempre – como se fosse a primeira; como se fosse a última; como se fosse a única.” No seu último ano de vida, estando em casa, celebrou até o último dia. Sua fraqueza era tal que, fazendo a primeira genuflexão no degrau sem  apoio do altar, não tinha mais forças para levantar-se e só apoiando as mãos no chão, é que podia erguer-se. Foram realmente heróicas suas últimas missas, posso asseverá-lo.

  10º -  Conceito de santo – Há inúmeros testemunhos de tal conceito que são por demais conhecidos. Por toda parte por onde andou, recebeu o título de  “o padre santo”. O mais interessante é essa afirmação partir das crianças e dos pequeninos. Ouvi dos meninos do Oratório Festivo perguntarem ingenuamente num sábado, à tarde, ao Padre Gastão, nosso diretor: “É aquele padre que está ficando santo quem vem celebrar a missa para a gente amanhã?”
      Este conceito se acentuou à sua morte e cresce sempre mais no meio do povo.


12. Os  “pequenos atos”

      Amigos e irmãos, admiradores de Rodolfo Komorek: acho que a santidade do Pe. Rodolfo está sintetizada naquela frase que alguém colocou num santinho, com um autógrafo seu:
      “A santidade se compõe de uma multidão de pequenos atos.”
      Aí está todo o Pe. Rodolfo – nos pequenos atos, atos de cada dia, atos de sacrifícios incríveis, atos de pobreza, humildade, penitência e zelo, de construção dia a dia da santidade que hoje lhe admiramos e veneramos.


13. Uma carta – testemunho

      Permitam-me, amigos, apesar do tempo que já vai longo, reler para vocês a carta derradeira que ele escreveu ao seu irmão Roberto, dois anos antes de sua morte, relatando sua vida desde que deixara a Polônia. É profundamente reveladora de todo o seu rico interior.
      Ei-la em seus trechos mais importantes:
      “Caro irmão:
      Não estou nem mal, nem muito bem; assim como agrada ao Senhor. Depois de uma temporada bastante longa no sul, nos Estados do Rio Grande e santa Catarina, na colônia habitada por europeus e seus descendentes, depois de alguns anos passados na cidade de Niterói e em Lavrinhas, há 7 anos que vivo na cidade climatérica de S. José dos Campos, no Estado de S.Paulo. Os meus pulmões estão muito debilitados. Não sou mais capaz de viajar, nem de trabalhar no serviço desejado das almas. Confesso um pouco, administro os sacramentos aos doentes, celebro a Santa Missa uma vez nesta, outra vez naquela capela ou igreja, e espero na misericórdia de Deus. Ou Ele ainda me restituirá as forças e a saúde para que possa ser útil, ou me chamará à eternidade, talvez dentro em breve.”
      Depois de descrever um pouco a cidade de S.José dos Campos ele continua:
      “Os Salesianos têm aqui uma pequena residência  com capela particular.  (...) Também eu habito aí e ajudo, porém muito pouco. Não penso mais em voltar para a Europa. Para quê? Isto não seria para a glória de Deus. O céu está a igual distância daqui como daí. ( ...) No céu nos tornaremos a ver. Então nos contaremos mutuamente quanto nos aconteceu nos anos vividos durante a separação. Junto de Deus, na companhia da Santíssima Virgem e dos santos, seremos felizes.
      Perseveremos na esperança da Divina Providência e em Maria Auxiliadora dos Cristãos.
      Teu Rodolfo.”


14. Resposta a uma objeção

      Uma observação final gostaria de fazer aqui, respondendo à objeção que é feita comumente aos episódios mais notáveis da vida de Rodolfo Komorek.
      Alguns consideravam e ainda hoje há quem considere o seu um procedimento estranho e esquisito, sobretudo nos aspectos da pobreza e da penitência.
      A resposta não é difícil.
      Todas as atitudes do Pe. Rodolfo em cada circunstância de sua vida decorrem da absoluta coerência de sua opção pelos valores do espírito, fluem da radical escolha do sobrenatural, do eterno, do transcendente, em oposição ao que é material, efêmero e transitório.
      A outra resposta que podemos dar à objeção citada é que, ao longo da história da Igreja, muitos santos apresentaram  comportamentos, reprovados pelos seus contemporâneos, porque considerados esquisitos e quase  fora da normalidade.
      O que acontece é que, acomodados aos critérios do mundo, vítimas do bem-estar, do eficiente e do produtivo, não entendemos nunca o Santo, que marcha contra a corrente, que age contra o habitual, o comum, o aprovado pela sociedade de consumo e prazer, em que vivemos.


15. Conclusão      

      Excelência, amigos e irmãos,
      A luminosa figura do Pe. Rodolfo Komórek, o “padre santo” o penitente  austero, ilumine o nosso caminhar para que sejamos cristãos verdadeiros, vivendo com coragem o Evangelho pura e simplesmente, filhos do santo Dom Bosco, em cuja escola se formaram heróis de santidade, como o nosso Pe.Rodolfo.
                                                                                                                         Obrigado.

S. José dos Campos, 11 de outubro de 1980
Centenário do nascimento do Pe. Rodolfo Komórek.