sexta-feira, 18 de julho de 2014

A paz no futebol

          Com esse título, o Sr. Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, promoveu a celebração de uma santa Missa, na igreja da Santa Cruz, (a igreja de minha infância) no último dia 2 de junho, em memória ao 30º dia de falecimento do jovem, vítima de louco atentado de um leviano torcedor, que no final de uma partida de futebol no Recife atingiu mortalmente com uma latrina o jovem, cuja família participou consternada da celebração litúrgica. Estavam presentes, além do Sr. Arcebispo, quatro bispos, grande número de fiéis, que lotaram o templo sagrado e os presidentes dos três maiores times de futebol da capital pernambucana. O Sr. Arcebispo explicou, no início da celebração eucarística, o sentido daquele ato de piedade cristã, acentuando a prece que se fazia naquele momento para que reine a paz, e nunca a violência, nas competições esportivas, sobretudo quando o país estava às vésperas da realização em nossa pátria da Copa do Mundo.
                Também a Pastoral do Esporte da Arquidiocese do Rio de Janeiro realizara, no dia 19 de maio, no próprio estádio do Maracanã, encontro interreligioso, iniciando a campanha “Copa da Paz”. Participaram, juntamente com os católicos, outros representantes do cristianismo evangélico, do judaísmo, islamismo, budismo, umbanda e candomblé. Estavam presentes,  além das várias pastorais da Arquidiocese do Rio , também representantes de movimentos sociais, como o “Viva Rio”, a Rede “Desarma Brasil”, e o presidente da Federação Carioca das Torcidas Organizadas.
                A Campanha “Copa da Paz” – como informa o boletim arquidiocesano – faz parte do projeto “100 Dias de Paz”, no qual a Pastoral do Esporte busca grande mobilização da sociedade carioca com o  “Decore sua rua”, a “Tenda da Paz” e uma conferência sobre um mundo sem armas, como construção de um legado social deixado pela Copa do Mundo. Todo esse movimento visa a cumprir o artigo 29 da Lei Geral da Copa, promulgada pela FIFA, “ com divulgação de eventos de campanhas  com temas sociais”.
                Todos concordam que o futebol, como os outros esportes, quando trabalhados de maneira correta são excelentes ferramentas de inclusão social e implantação de valores positivos na sociedade.
As preocupações da Igreja do Brasil, nesta Copa, além da violência nos estádios, a que nos referimos, são:
-  os gastos astronômicos que foram feitos na construção desses elefantes brancos, como as suntuosas arenas de Manaus, Cuiabá e da própria capital federal, com seu “Mané Garrincha”;
-  a exploração sexual por parte de turistas das ingênuas mocinhas de nossas capitais;
- o tráfico humano para prostituição no exterior;
- a violência dos vândalos, infiltrados nas justas e democráticas manifestações populares por  um país melhor e mais feliz.

E agora, a pergunta: “O que se pode esperar do pós-Copa?” Responde o Prof. José Márcio Barros, da PUC-Minas: “O futebol vem se transformando no mundo todo, e o Brasil não fica fora desse processo, em um grande negócio, um grande espetáculo midiático. Cada vez mais admiração, cada vez menos sociabilidade comunitária. Cada vez menos jogo, cada vez mais aposta.” E acrescenta, em resposta à mesma pergunta, o Prof. Maurício Murad, da mesma Universidade: “O que desejaríamos esperar do pós-Copa seria um legado para a sociedade brasileira, sobretudo mais pobre, em termos de segurança, transporte, saúde e educação. Infelizmente o que estamos vendo é que os governos preferem viver e divulgar no discurso oficial o Brasil do “faz-de-conta”, em vez de melhorar a realidade do país, ainda muito desigual e injusta.”

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