terça-feira, 18 de junho de 2013
Os Santos Juninos
O calendário cristão registra neste mês de junho
três santos, que no Brasil desfrutam da maior popularidade. São eles: S.
Antônio (dia 13), S. João (dia 24) e S. Pedro (dia 29).
S. Antônio, nascido em Lisboa ao expirar do século 12, em
1195, pertencia à nobre família dos Bulhões, descendente ainda de Godofredo de
Bulhões, herói da 1ª Cruzada. Com o nome de batismo, Fernando, entrou na
prestigiosa Ordem dos Cônegos de S. Agostinho, na qual fez seus estudos teológicos
na Universidade de Coimbra. Aos 25 anos, ordenado sacerdote, viu chegarem em
Coimbra os gloriosos restos mortais de cinco heróicos missionários
franciscanos, martirizados em Marrocos, na África. Fernando, renunciando mais
uma vez à fama e ao prestígio deste mundo, entrou com o nome de Antônio na
nascente e humilde família de S. Francisco de Assis, ainda vivo, e pediu para
ser enviado ao Marrocos, onde sonhava seguir o caminho missionário do martírio.
Eram diferentes os planos de Deus. Adoeceu e os superiores o enviaram de volta
à Europa. Uma tempestade no Mediterrâneo levou-o às costas da Itália,
precisamente à Sicília. De lá, Antônio seguiu para Assis, onde se realizava o
famoso "Capítulo das esteiras", ainda sob a presidência do Seráfico
Pai dos franciscanos. Reconhecido seu valor por S. Francisco, foi feito
primeiro mestre de teologia da Ordem e pregador de missões populares, no estilo
de nosso Frei Damião, percorrendo o sul da França e o norte da Itália, em
disputa com os hereges albigenses e fazendo contínuos milagres. Faleceu aos 36
anos de idade e foi canonizado no ano seguinte pelo Papa Gregório IX. Mais que
santo casamenteiro e milagroso auxiliar no encontro de coisas perdidas, S.
Antônio é o santo do amor à doutrina cristã, do desapego das honrarias e
riquezas deste mundo e da crescente generosidade no cumprimento da vontade de
Deus, no anúncio do evangelho de Jesus até o martírio.
S. João é aquele, do qual disse Jesus: "Entre os
nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior do que João, o Batista" (Mt
11,11). No deserto da Judéia, ele preparava o povo a receber o Messias,
proclamando: "Convertei-vos porque o Reino dos céus está próximo!"
(Mt 3,2). Aos fariseus e saduceus, que vinham receber seu batismo de
penitência, bradava com energia: "Raça de víboras, quem vos ensinou a
fugir da ira que está para vir?" (Mt 3, 7). Com muitas exortações, diz
Lucas, anunciava ao povo a Boa Nova do Evangelho. Enquanto pregava a conversão,
aponta Jesus à multidão, dizendo: "Eis o cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo"(Jo 1,29). Daí, a tradição de retratá-lo com um
cordeirinho nos braços. Não titubeou em denunciar a Herodes, o poderoso de
turno que o temia: "Não te é lícito ter a mulher de teu irmão!" Tal
intrepidez custou-lhe a cabeça, que foi oferecida num prato à filha dançarina
da cunhada-amante do rei. Nosso Nordeste
dá primazia a S. João entre os santos juninos, com tradições típicas da época,
como comida de milho, dança de quadrilha (meio francesa, meio nordestina) e os
fogos juninos. Seria, por acaso, uma lembrança da fogueira, que Joaquim teria
aceso nas montanhas da Judéia, em regozijo pelo nascimento do filho de sua
velhice? A liturgia proclama : "No seu nascimento, todos se
alegrarão!"
Perto do
fim do mês, ainda temos o chefe dos
apóstolos, a Pedra fundamental da Igreja de Jesus, aquele que recebeu do Mestre
a missão de confirmar os irmãos na fé, aquele que foi constituído supremo
Pastor das ovelhas e dos cordeiros do Senhor, aquele que recebeu a divina
promessa de que seria ligado no céu o que ele - e seus sucessores, os
Pontífices romanos - ligassem na terra e seria desligado o que eles
desligassem. S. Pedro, na tradição brasileira, é o celestial padroeiro dos
pescadores, ele que também foi humilde pescador da Galiléia, no lago de
Tiberíades, e que Jesus chamou em meio às redes e aos barcos de seu humilde
ofício para ser chefe de seus discípulos e apesar de tê-lo negado três vezes,
três vezes exclamou contrito: "Senhor, tu sabes tudo, tudo sabes que eu te
amo!" (Jo 21,15-17). A fé do apóstolo Pedro é a fé da Igreja: "Tu és
o Cristo, o Filho de Deus vivo!" (Mt l6, 16).
Que as manifestações populares e tradicionais dos
três santos de junho sejam um estímulo de revigoramento da fé e da prática
religiosa para nosso povo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário