Naquela
segunda-feira (Carnaval no Brasil), 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de
Lourdes, o planeta foi sacudido de estupor pela notícia, logo transmitida pela
mídia internacional: o Santo Padre Bento XVI anunciava ao mundo sua renúncia ao
Sumo Pontificado da Igreja, no próximo dia 28 de fevereiro! Na verdade –
conforme fontes do Vaticano – parece que ele teria querido renunciar naquele
mesmo dia, mas foi dissuadido pelos cardeais, seus mais íntimos conselheiros a,
naquele dia, apenas anunciar a próxima renúncia.
O gesto
do Papa Ratzinger causa imensa admiração, por ser o segundo em toda a bimilenar
história do papado. O primeiro, e até agora único, que renunciara ao
pontificado era Celestino V em 1294, depois
declarado santo. Seu sucessor foi o
famoso Bonifácio VIII (1294 - 1303) célebre
por suas lutas com o rei Felipe IV de França e acusado, talvez falsamente, de ter
induzido o santo Celestino a renunciar.
A decisão de nosso querido Bento XVI impressionou
o mundo, primeiramente, pela humildade de que se reveste, por se considerar
indigno de continuar como Sumo Pontífice por causa da idade. Inclui também
profunda renúncia ao “status” de chefe da Igreja, para ser talvez apenas um
cardeal da Santa Igreja Romana.
Mas foi também gesto de coragem apostólica,
ignorando por completo como será sua vida e atividade a partir de agora, nessa
nova situação, tão insólita, de um ex-papa. Certamente, como grande teólogo que
é, dos maiores da atualidade, vai dedicar-se aos seus estudos e aos seus
livros. Grande era já sua produção teológica, quando eleito Papa, além do
recente livro “Jesus de Nazaré”, escrito não como Papa, como pronunciamento do
Supremo Magistério da Igreja, mas livro de pesquisa e reflexão, podendo ser
contestado e criticado por qualquer estudioso da matéria. Quero informar que,
eleito Papa, o teólogo Ratzinger renunciou a todos os direitos autorais de suas
mais de duzentas publicações, em favor das combalidas finanças da Santa Sé.
Mas, acho que foi também atitude
de imenso amor pela Igreja. Julgo que Bento XVI, por esse amor tão grande, que
é o sentido de sua vida, teme que pelo peso dos anos, já não possa mais servir
à sua Igreja, como desejaria, e assim ela venha a sofrer alguma deficiência,
pela idade de seu pontífice supremo.
Mas vejo sobretudo, nesta decisão
de nosso querido Bento XVI, uma visão de fé nos destinos da Igreja, amparada,
guiada e sustentada pelo seu Divino Fundador. Apesar da fraqueza dos homens que
a governam, ela permanece para sempre “nos caminhos da história, em meio às
consolações de Deus e às perseguições dos homens” (S. Agostinho).
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