Certa vez
aconteceu em Maceió que um adolescente, diante do corpo de seu pai, um político
misteriosamente assassinado, disse à mãe: “Antes da vida, nada! Depois da vida,
nada! Então, para que a vida?” É a visão materialista da vida, sem a luz cristã.
Temos medo de morrer, é verdade.
Mas... e os santos?
Domingos Sávio, santo aluno de Dom Bosco, morreu
dizendo: “Oh! Que bela coisa estou vendo!” O fato foi declarado por seu pai,
sob juramento, no processo de canonização.
São Cirilo,
eslavo, cuja festa celebramos neste mês e que, com seu irmão Metódio, criou o
alfabeto chamado cirílico, e traduziu os textos litúrgicos para a língua eslava,
antecipando assim de onze séculos o Concílio Vaticano II, morreu em Roma em 14
de fevereiro de 869. Na hora da morte, cantava: “Meu espírito alegrou-se quando
me disseram: Vamos à casa do Senhor!” Erguendo as mãos para o alto, orava com
lágrimas. “E assim, narra sua biografia eslava, adormeceu no Senhor, com 42
anos de idade.”
Santa
Teresinha de Lisieux, a jovem carmelita, falecida aos 30 de setembro de 1897,
com 24 anos, muito querida do povo brasileiro, ao Padre Capelão que lhe
perguntara se estava resignada a morrer, respondeu: “Ah, meu Padre, parece-me
que precisaria mais de resignação para viver; quanto a morrer, é para mim uma inefável
consolação.” É o eco da expressão
paulina: Cupio dissolvi et esse cum Christo – “ Desejo morrer para estar com
Cristo.” A Superiora, que era a Madre Inês de Jesus ,
sua irmã Paulina, fez um apêndice na
“História de uma alma”, - maravilhosa autobiografia, que enriqueceu a
hagiografia cristã - relatando os últimos momentos, vividos nesta terra pela
santinha de Lisieux. Relata a Madre Inês que as últimas palavras de Teresinha
foram: “Oh!...Amo-o! Meu Deus, eu vos amo!” Inclinou a cabeça para a direita e nessa
posição ficou alguns minutos. Depois reergueu-se de improviso, abriu os olhos e
ficou bastante tempo fitando o alto, até fechá-los definitivamente. Sua face guardou inefável sorriso, que lhe animava
o semblante, atesta a Madre Superiora.
O que ocorre não
é medo de morrer, é falta de fé no que nos espera depois dessa vida.
O que nos inquieta é para o que nos abre a porta da morte.
Com fé, digamos
com o salmista: “Minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo. Quando terei
a alegria de ver a face de Deus?” (Salmo 41).
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