sexta-feira, 4 de abril de 2014

MEDO DE MORRER

Certa vez aconteceu em Maceió que um adolescente, diante do corpo de seu pai, um político misteriosamente assassinado, disse à mãe: “Antes da vida, nada! Depois da vida, nada! Então, para que a vida?” É a visão materialista da vida,  sem a luz cristã.
                Temos medo de morrer, é verdade.  Mas...   e os santos?
Domingos Sávio, santo aluno de Dom Bosco, morreu dizendo: “Oh! Que bela coisa estou vendo!” O fato foi declarado por seu pai, sob juramento, no processo de canonização.
São Cirilo, eslavo, cuja festa celebramos neste mês e que, com seu irmão Metódio, criou o alfabeto chamado cirílico, e traduziu os textos litúrgicos para a língua eslava, antecipando assim de onze séculos o Concílio Vaticano II, morreu em Roma em 14 de fevereiro de 869. Na hora da morte, cantava: “Meu espírito alegrou-se quando me disseram: Vamos à casa do Senhor!” Erguendo as mãos para o alto, orava com lágrimas. “E assim, narra sua biografia eslava, adormeceu no Senhor, com 42 anos de idade.” 
Santa Teresinha de Lisieux, a jovem carmelita, falecida aos 30 de setembro de 1897, com 24 anos, muito querida do povo brasileiro, ao Padre Capelão que lhe perguntara se estava resignada a morrer, respondeu: “Ah, meu Padre, parece-me que precisaria mais de resignação para viver; quanto a morrer, é para mim uma inefável consolação.”  É o eco da expressão paulina:  Cupio dissolvi et esse cum Christo – “ Desejo morrer para estar com Cristo.”                                                                                               A  Superiora, que era a Madre Inês de Jesus , sua irmã Paulina, fez um  apêndice na “História de  uma alma”,  - maravilhosa autobiografia, que enriqueceu a hagiografia cristã - relatando os últimos momentos, vividos nesta terra pela santinha de Lisieux. Relata a Madre Inês que as últimas palavras de Teresinha foram: “Oh!...Amo-o!  Meu  Deus, eu vos amo!”  Inclinou a cabeça para a direita e nessa posição ficou alguns minutos. Depois reergueu-se de improviso, abriu os olhos e ficou bastante tempo fitando o alto, até fechá-los definitivamente.  Sua face guardou inefável sorriso, que lhe animava o semblante,  atesta a Madre Superiora.
                O que ocorre não é medo de morrer, é falta de fé no que nos espera depois dessa vida.
O que nos inquieta é para o que nos abre a porta da morte.

 Com fé, digamos com o salmista: “Minha alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus?” (Salmo 41).

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