Há poucos dias atrás participei aqui no Recife da
cerimônia fúnebre de um líder cristão, cuja vida foi toda dedicada à Igreja.
Após a Santa Missa, a que presidi, um sacerdote fez a encomendação e, para
admiração minha, ele anunciou que, em seguida, o corpo seria cremado no
crematório daquele cemitério.
Está ficando
cada vez mais difícil encontrar espaço nos cemitérios públicos para os
sepultamentos das pessoas queridas. Por isso, a solução, já tornada comum, tem
sido a cremação. A Igreja, de início, fez certa objeção a esta prática, por
interpretá-la contrária à verdade de fé da ressurreição da carne. Hoje ela
reconhece a necessidade desse procedimento e não tem nada em contrário. Aliás,
no ritual Nossa Páscoa, editado pela
CNBB em 2003, encontra-se já o rito próprio para a encomendação no crematório.
Mas, além da cremação, há outra forma de destinação
dos restos mortais de um falecido. È a doação do corpo, feita em cartório, pela
própria pessoa, para ser doado, logo após a morte, para uma escola de medicina
para estudo da anatomia humana. No
Brasil, há uma falta enorme nas escolas de medicina e, especificamente nos
cursos de anatomia, de cadáveres para estudo dos alunos. A Revista VEJA em
junho de 2012 publicou um artigo sobre o assunto. Informa que algumas escolas
estão utilizando bonecos de plástico, mas alguns professores se recusam a dar
aulas que não sejam com cadáveres humanos. Informa ainda a revista que a
Universidade de São Paulo, a maior do país, em 2011, havia recebido apenas
quinze corpos, treze deles não reclamados pela família e apenas dois doados em
vida Traz a revista o belo testemunho de uma senhora gaúcha, que diz: “Meu
corpo não servirá para nada depois que eu morrer. Com a doação, estarei ajudando
futuros médicos que salvarão vidas.”
A doação gratuita de órgãos ou do corpo inteiro post mortem no Brasil está regulamentada
pela lei 9434, de 4 de fevereiro de 1997. O doador deve fazer a escritura
pública em cartório, com duas testemunhas.
Na Congregação Salesiana, há o belo exemplo do
Padre Olímpio Gabriel Martins Ferreira, ordenado sacerdote na turma de 8 de
dezembro de 1954, na Catedral de São Paulo, e falecido em 2 de janeiro de 2006
em Belo Horizonte. Pe. Olímpio, bisneto do Barão de Ingaí, neto do fundador do
Banco da Lavoura de Minas, depois Banco Real, e filho de médico e pesquisador
do Instituto Oswaldo Cruz, doou seu corpo, após a morte, à Universidade
Católica de Minas Gerais. Seus irmãos de Congregação cumpriram cuidadosamente
seu desejo.
Cremar ou doar – qual a melhor opção?
Nenhum comentário:
Postar um comentário