O alagoano Deodoro da Fonseca, que ostentava o título, mais simbólico
que real, de Marechal, era o mais
indicado e o menos indicado para se por à frente do movimento republicano, que
tomara forças no Brasil, sobretudo após a Guerra do Paraguai em 1870, com a
criação do Partido Republicano. Naquela manhã de 15 de novembro de 1889, ele
foi arrancado da cama, com febre, porque seus colegas de farda, entre os quais
gozava de prestígio e simpatia, apesar de sua timidez, queriam porque queriam,
que ele se pusesse à frente do movimento republicano e, sem mais, proclamasse o
novo sistema político do Brasil. Contando com a amizade do velho e sábio
Imperador, que tanto sofreu com a traição do amigo, Deodoro, apesar de sua liderança entre os colegas de
farda, não deveria pôr-se à frente do movimento que ia derrubar do poder o
velho monarca.
No conhecido
soneto sobre a República, referindo-se a Deodoro, o Imperador poeta se queixa:
“Mas a dor cruel que o ânimo deplora / que fere o coração e quase o mata / É
ver na mão cuspir à extrema hora / a
mesma boca, aduladora e ingrata, / que
tantos beijos nela deu outrora.” Referia-se à cerimônia do “beija-mão”, que
acontecia em solenidades especiais no Palácio Imperial.
Nosso segundo
Imperador, dois dias após a proclamação da República, seguiu para Portugal, indo
para o Porto, onde a Imperatriz morreu a 28 de dezembro daquele ano. Dom Pedro
II seguiu sozinho para a capital francesa, onde faleceu em 5 de dezembro de
1891, com 66 anos. Ele tinha estranha
doença que lhe dava aspecto senil, superior à sua verdadeira idade. Possuindo vasta
cultura, falava francês, inglês e alemão e, por incrível que pareça, julgava o
sistema republicano mais adatado que o regime monárquico, naquele final do
século 19.
A primeira
Constituinte, no regime imperial, a de 1824, contava com 22 padres e determinara
: “A religião católica, apostólica, romana continua a ser a religião do
Império. Todas as outras serão permitidas com seu culto doméstico em casas,
para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.” Já a 1ª
Constituição republicana aboliu por completo esse privilégio, como também a
chamada “lei do padroado”, em força da qual os ministros sagrados, bispos e
padres, eram mantidos pelo Governo Imperial, sendo também feita pelo Imperador
a indicação para os vários cargos. Os bispos, indicados pelo Imperador, eram
eleitos pelo Papa.
O regime imperial
brasileiro entre 1873 e 1875 produzira dois mártires da independência da
Igreja: Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo de Olinda, capuchinho, e
Dom Antonio de Macedo Costa, bispo do Grão-Pará,
que não se submeteram à intromissão imperial no governo de suas dioceses e
excomungaram maçons dirigentes das Irmandades, poderosas na época e donas, no
Recife, das melhores igrejas da diocese.
As relações entre a Igreja e o
estado brasileiro ficaram definitivamente esclarecidas e fixadas no recente
Acordo entre o Brasil e a Santa Sé, de 7 de outubro de 2009, obra do Núncio
Apostólico Dom Lorenzo Baldisseri.
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