quarta-feira, 19 de março de 2014

OS NOVOS HERODES



                Conforme os melhores exegetas como Ricciotti (Vita di Gesù), as crianças assassinadas pelo ímpio  Herodes para eliminar o Menino Jesus, seu possível concorrente, não passaram de vinte e cinco, dada a população de Belém daquele tempo, e tendo em vista que os visados eram apenas as crianças de dois anos para baixo e só do sexo masculino. Número muito maior  do que este é o das crianças,  cada dia abortadas pelos novos Herodes, que são os médicos abortistas, que  satisfazem os mais fúteis motivos, como o incômodo de ter mais um filho. 
                Quero lembrar aqui a lei moral , que contempla o caso de um ato com duplo efeito: um bom, que é o visado, e um mau, que é tolerado, tendo em vista o efeito bom e necessário. É o caso, por exemplo, da mulher grávida, portadora de um tumor no útero. É lícito fazer uma intervenção cirúrgica, tendo em vista extirpar o tumor, mesmo que resulte dessa operação de forma indireta a morte do feto, não havendo outra possibilidade e tendo urgência de fazer a   operação.
                O boletim de janeiro deste ano da Associação Pró-vida, de Anápolis (Goiás), traz um caso  interessante. Uma senhora, de nome Sabrina, de 32 anos de idade, residente em Brasília, na quinta semana de gravidez, sentindo dores cada vez mais intensas no baixo ventre, submeteu-se a uma ecografia. O exame revelou gravidez dupla: um feto estava no útero normalmente e um outro achava-se na trompa, fora do lugar natural, que os médicos chamam gravidez ectópica. A médica que a atendeu em Brasília sugeriu que ela tomasse um remédio para abortar os dois fetos, evitando assim qualquer risco de uma ruptura tubária.
                “Cristã e temente a Deus, - informa  o boletim da Pró-Vida - Sabrina procurou a  orientação de Anápolis, recusando provocar o aborto dos dois fetos. Foi orientada por outro médico, que lhe asseverou que era possível que o embrião, que estava na trompa, parasse de crescer e morresse naturalmente. E foi o que aconteceu. Sabrina ficou em permanente observação e a dor depois de crescer um pouco, foi diminuindo até desaparecer completamente pela  16ª semana de gravidez. É que o feto fixado na trompa havia morrido  e fora naturalmente expulso do organismo da mãe.  No dia 23 de agosto de 2013, Sabrina deu à luz uma linda menina, a quem deu o nome de Maria Cecília. Ela se chama Maria, explicou a mãe feliz, porque eu a consagrei a Nossa Senhora desde o início”. Conclui o citado boletim: “O que aconteceu com a gravidez de Sabrina é muito comum. Em mais de 65% dos casos termina em aborto natural ou o embrião morre e é absorvido pelo organismo da mulher. Nenhuma intervenção cirúrgica é necessária.”
                Mas os novos Herodes estão aí de plantão para matar crianças inocentes...


Um Seminarista Martir


Motivo grave e emoção profunda, só essas causas poderiam fazer um Cardeal da Cúria romana emocionar-se em público numa cerimônia litúrgica. Foi o que aconteceu com o Cardeal salesiano Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, presidindo em Módena-Itália, em nome do Papa Francisco, a cerimônia de beatificação do jovem seminarista Rolando Rivi, em 5 de outubro passado.
                É um novo mártir da fé que levou seu compromisso com Cristo até o derramamento do sangue. Nasceu em 1931 e, de pequeno, seu sonho era tornar-se sacerdote. Aos 11 anos, entrou no seminário e, como era costume na época, recebeu a veste talar, a batina, que se tornou a partir de então o seu “uniforme”, como ele dizia. Era o sinal visível de seu amor a Jesus e sua pertença total à Igreja. Sentia-se orgulhoso com sua veste talar e a usava no seminário, no campo, em casa. Era o distintivo de sua escolha de vida – dizia - que todos podiam ver e entender. Por causa da confusão do final da guerra na Itália, muitos o aconselhavam a deixar de usar a batina, pelo ódio que os “partigiani”, em parte, comunistas, tinham contra o clero.  Rolando respondia: “Não posso, não devo deixar a minha veste. Não tenho medo, estou feliz por usá-la. Não posso esconder-me. Eu pertenço ao Senhor.”
                No  dia 10 de abril de 1945, pouco mais de um mês do fim da 2ª Guerra mundial, os “partigiani”, cheios de ódio, capturaram Rolando. Ele foi despido, insultado e maltratado com chicotadas, para admitir uma improvável atividade de espionagem. Depois de três dias do rapto, sem que os chefes o soubessem, o jovem foi mutilado e depois assassinado com dois tiros de pistola, um na fronte esquerda e outro no coração.

                “Era muito jovem – disse o Cardeal Amato – para ter inimigos. Para ele, todos eram irmãos e irmãs. Não seguia uma ideologia de morte, mas professava o evangelho da vida. Rolando tinha compreendido bem a mensagem do Evangelho:  Amar também os inimigos, fazer o bem a quem o odiava e abençoar  quem o amaldiçoava. Celebrar o martírio do jovem Rolando é uma ocasião para bradar forte: nunca mais o ódio fratricida, porque o cristão verdadeiro não odeia, não combate ninguém. A única lei do cristão é o amor a Deus e ao próximo. As ideologias humanas desabam, mas o Evangelho do amor nunca tem fim, porque é uma boa nova. A beatificação de Rivi é uma boa notícia para todos. Estamos aqui reunidos para celebrar a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, da caridade sobre o ódio. Do sacrifício de Rolando, concluiu o Cardeal, derivam quatro exortações para nós: perdão, força, serviço e paz. De modo particular, ele dirige-se aos seminaristas da Itália e do mundo, convidando-os a permanecer fiéis a Jesus, a sentir contentamento e quase orgulho pela sua vocação sacerdotal e a testemunhá-la com alegria, serenidade e guarda da castidade.”