segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Os Bispos com a Juventude


              Precioso legado nos deixou o Santo Padre o Papa Francisco quando, na recente Jornada Mundial da Juventude no Rio, conclamou a Igreja a ter especial atenção para com os idosos e a juventude. Ele dizia: “as pontas extremas da existência humana...”
                Atentos a essa recomendação do Pontífice e como um dos frutos para a nossa região da Jornada da Juventude, os bispos do Regional Nordeste 2 da CNBB (RN¸PB,PE e AL) dedicaram sua Assembléia Regional ao tema:”Evangelização da Juventude”, tomando por lema a frase bíblica “Ide e fazei discípulos meus todos os povos” (Evangelho de Mateus, 28,19).
                Foram três dias de trabalhos, precedidos do encontro fraterno e particular dos bispos do nordeste, no convento de Ipuarana, Lagoa Seca, diocese de Campina Grande. Excelente assessoria foi o serviço prestado aos bispos, assessores da juventude e jovens, pelo  bispo Dom Eduardo Pinheiro da Silva, salesiano, presidente da Comissão de pastoral da juventude da CNBB. Duas publicações da CNBB orientaram os trabalhos, conduzidos por Dom Eduardo: o estudo “Pastoral Juvenil no Brasil – identidade e horizontes”; e o documento nº 85: “Evangelização da juventude”.
                Através dos resultados dos trabalhos realizados pelos grupos de cada diocese e apresentados no último dia, ficou evidente a necessidade de uma comissão para pensar a formação de assessores da pastoral juvenil em âmbito regional. Todas as dioceses acentuaram a necessidade de formação dos assessores da juventude. Uma diocese sugeriu a redação de um subsídio em três eixos: VER – a realidade juvenil nos seus aspectos humano-afetivos e de liderança; ILUMINAR – com a Palavra de Deus na Bíblia e no Magistério da Igreja; AGIR, atendendo à realidade do jovem nordestino, seus anseios e necessidades. 
                Outra carência notável que foi diagnosticada em nosso regional pela Assembléia é a referente à pastoral universitária. Não temos pessoas habilitadas para esse trabalho, não temos formação de autênticos líderes cristãos, que por certo saem das universidades, enfim não temos uma autêntica e vigorosa pastoral universitária, apesar dos merecidos esforços de vários movimentos de formarem uma Nova Universidade, que será a Universidade onde Cristo reine soberano e os princípios da ética cristã sejam vividos e respeitados.

                Que a palavra ardente e fervorosa do bispo de Roma ecoe no coração e na vida de nossos Jovens: ”Ide, sem medo, para servir!” 

Brasil-República e a Igreja

              O alagoano Deodoro da Fonseca, que ostentava o título, mais simbólico que real, de Marechal,  era o mais indicado e o menos indicado para se por à frente do movimento republicano, que tomara forças no Brasil, sobretudo após a Guerra do Paraguai em 1870, com a criação do Partido Republicano. Naquela manhã de 15 de novembro de 1889, ele foi arrancado da cama, com febre, porque seus colegas de farda, entre os quais gozava de prestígio e simpatia, apesar de sua timidez, queriam porque queriam, que ele se pusesse à frente do movimento republicano e, sem mais, proclamasse o novo sistema político do Brasil. Contando com a amizade do velho e sábio Imperador, que tanto sofreu com a traição do amigo, Deodoro,  apesar de sua liderança entre os colegas de farda, não deveria pôr-se à frente do movimento que ia derrubar do poder o velho monarca.
                No conhecido soneto sobre a República, referindo-se a Deodoro, o Imperador poeta se queixa: “Mas a dor cruel que o ânimo deplora / que fere o coração e quase o mata / É ver na mão cuspir à extrema hora /  a mesma boca, aduladora e ingrata,  / que tantos beijos nela deu outrora.” Referia-se à cerimônia do “beija-mão”, que acontecia em solenidades especiais no Palácio Imperial.
                Nosso segundo Imperador, dois dias após a proclamação da República, seguiu para Portugal, indo para o Porto, onde a Imperatriz morreu a 28 de dezembro daquele ano. Dom Pedro II seguiu sozinho para a capital francesa, onde faleceu em 5 de dezembro de 1891, com 66 anos. Ele tinha  estranha doença que lhe dava aspecto senil, superior à sua verdadeira idade. Possuindo vasta cultura, falava francês, inglês e alemão e, por incrível que pareça, julgava o sistema republicano mais adatado que o regime monárquico, naquele final do século 19.
                A primeira Constituinte, no regime imperial, a de 1824, contava com 22 padres e determinara : “A religião católica, apostólica, romana continua a ser a religião do Império. Todas as outras serão permitidas com seu culto doméstico em casas, para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.” Já a 1ª Constituição republicana aboliu por completo esse privilégio, como também a chamada “lei do padroado”, em força da qual os ministros sagrados, bispos e padres, eram mantidos pelo Governo Imperial, sendo também feita pelo Imperador a indicação para os vários cargos. Os bispos, indicados pelo Imperador, eram eleitos pelo Papa.
                O regime imperial brasileiro entre 1873 e 1875 produzira dois mártires da independência da Igreja: Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo de Olinda, capuchinho, e Dom Antonio de Macedo Costa, bispo do Grão-Pará, que não se submeteram à intromissão imperial no governo de suas dioceses e excomungaram maçons dirigentes das Irmandades, poderosas na época e donas, no Recife, das melhores igrejas da diocese.

                As relações entre a Igreja e o estado brasileiro ficaram definitivamente esclarecidas e fixadas no recente Acordo entre o Brasil e a Santa Sé, de 7 de outubro de 2009, obra do Núncio Apostólico Dom Lorenzo Baldisseri.

Um Seminarista Mártir


Motivo grave e emoção profunda, só essas causas poderiam fazer um Cardeal da Cúria romana emocionar-se em público numa cerimônia litúrgica. Foi o que aconteceu com o Cardeal salesiano Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, presidindo em Módena-Itália, em nome do Papa Francisco, a cerimônia de beatificação do jovem seminarista Rolando Rivi, em 5 de outubro passado.
                É um novo mártir da fé que levou seu compromisso com Cristo até o derramamento do sangue. Nasceu em 1931 e, de pequeno, seu sonho era tornar-se sacerdote. Aos 11 anos, entrou no seminário e, como era costume na época, recebeu a veste talar, a batina, que se tornou a partir de então o seu “uniforme”, como ele dizia. Era o sinal visível de seu amor a Jesus e sua pertença total à Igreja. Sentia-se orgulhoso com sua veste talar e a usava no seminário, no campo, em casa. Era o distintivo de sua escolha de vida – dizia - que todos podiam ver e entender. Por causa da confusão do final da guerra na Itália, muitos o aconselhavam a deixar de usar a batina, pelo ódio que os “partigiani”, em parte, comunistas, tinham contra o clero.  Rolando respondia: “Não posso, não devo deixar a minha veste. Não tenho medo, estou feliz por usá-la. Não posso esconder-me. Eu pertenço ao Senhor.”
                No  dia 10 de abril de 1945, pouco mais de um mês do fim da 2ª Guerra mundial, os “partigiani”, cheios de ódio, capturaram Rolando. Ele foi despido, insultado e maltratado com chicotadas, para admitir uma improvável atividade de espionagem. Depois de três dias do rapto, sem que os chefes o soubessem, o jovem foi mutilado e depois assassinado com dois tiros de pistola, um na fronte esquerda e outro no coração.

                “Era muito jovem – disse o Cardeal Amato – para ter inimigos. Para ele, todos eram irmãos e irmãs. Não seguia uma ideologia de morte, mas professava o evangelho da vida. Rolando tinha compreendido bem a mensagem do Evangelho:  Amar também os inimigos, fazer o bem a quem o odiava e abençoar  quem o amaldiçoava. Celebrar o martírio do jovem Rolando é uma ocasião para bradar forte: nunca mais o ódio fratricida, porque o cristão verdadeiro não odeia, não combate ninguém. A única lei do cristão é o amor a Deus e ao próximo. As ideologias humanas desabam, mas o Evangelho do amor nunca tem fim, porque é uma boa nova. A beatificação de Rivi é uma boa notícia para todos. Estamos aqui reunidos para celebrar a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, da caridade sobre o ódio. Do sacrifício de Rolando, concluiu o Cardeal, derivam quatro exortações para nós: perdão, força, serviço e paz. De modo particular, ele dirige-se aos seminaristas da Itália e do mundo, convidando-os a permanecer fiéis a Jesus, a sentir contentamento e quase orgulho pela sua vocação sacerdotal e a testemunhá-la com alegria, serenidade e guarda da castidade.”

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A China e o Papa



            Em 27 de maio do ano passado,  o Papa Bento XVI dirigiu uma Carta Apostólica aos Bispos, presbíteros, consagrados e leigos da Igreja Católica  da República Popular da China.  Junto com a Carta Apostólica dirigida à China, a Santa Sé Apostólica enviou ao episcopado mundial uma “Nota Explicativa” sobre este documento pontifício dirigido à Igreja da grande potência emergente, que nesses dias promove a mais grandiosa,  mais bem preparada e  mais competitiva Olimpíada de todos os tempos.
            Neste artigo, quero me limitar a algumas referências e um breve condensado da Nota Explicativa.  Duas idéias fundamentais perpassam todo o texto do Sucessor de Pedro e Pastor Universal da Igreja. De um lado, uma especial deferência pela comunidade católica chinesa, unida à fidelidade aos princípios que regem a eclesiologia católica. O texto pontifício é, portanto, iluminado pela caridade e pela verdade. Fidelidade às linhas eclesiológicas do Concílio Vaticano II e carinho pastoral pelo povo chinês.
            A Igreja na China nos últimos cinqüenta anos passou por provações e martírios, próprios de sua caminhada  na história. Nos anos ´50, ela viu a expulsão dos bispos e missionários estrangeiros, a prisão de quase todos os eclesiásticos e responsáveis dos movimentos leigos, o fechamento das igrejas e o isolamento dos fiéis. Depois, veio a criação do Departamento para assuntos religiosos e a chamada Associação Patriótica dos católicos chineses. Em 1958, houve as duas primeiras ordenações episcopais sem mandato apostólico, caracterizando o cisma da chamada “Igreja Patriótica” com a Igreja de Roma. E, durante a Revolução Cultural de 1966 a 1976, a violência caiu sobre todos os católicos, também sobre os membros da Associação Patriótica.
            Foi com  a abertura promovida nos anos ‘80 pelo governo de Deng Xiaoping, que se tornou possível certo diálogo e movimento eclesial, com a reabertura de algumas igrejas, seminários e casas religiosas. Mais uma vez o sangue dos mártires fôra semente de novos cristãos e a fé permanecera viva nas comunidades com o testemunho de fidelidade a Cristo e à Igreja.
            O Papa lembra que alguns pastores, unidos ao sucessor de Pedro e fiéis à doutrina católica, não hesitaram em receber clandestinamente a consagração episcopal, com grave risco de vida. Outros, após receberem a ordenação episcopal sem mandato apostólico, pediram para serem recebidos na comunhão com o Papa e com seus irmãos no episcopado.
            Durante os anos ´90, o Papa João Paulo II dirigiu várias mensagens e apelos à Igreja da China para a unidade e a reconciliação entre a chamada Igreja Patriótica e a verdadeira Igreja Católica, unida ao Papa. Mas, infelizmente, as tensões com as Autoridades civis e dentro da comunidade católica não diminuíram.
            Em janeiro de 2007, realizou-se em Roma um encontro de uma Comissão especial, constituída de peritos sinólogos e membros da Cúria romana, que seguem de perto os problemas da Igreja na China. Bento XVI participou da última reunião e daí surgiu a decisão desta  Carta Apostólica.

            

A Saúde de Dom Bosco


            A Senhora do sonho dos nove anos recomendara  a Joãozinho Bosco que se tornasse “humilde, forte e robusto”. Sua terra natal, sua condição de camponês, trabalhador da terra, a vida austera na atividade do campo lhe asseguravam robustez, própria de sua condição.  É bom notar que absolutamente, sua situação social não era de extrema pobreza, pelo que seu pai deixara em testamento (Braido, vol. 1, pg. 113).                
                Assim crescera João Bosco na sobriedade e na austeridade dos campos de Castelnuovo d`Asti no Piemonte, norte da Itália, “forte e robusto” como lhe dissera a Virgem do sonho.
                 Dom Lemoyne, seu biógrafo, fala de “malferma salute” (saúde precária) de João Bosco quando seminarista. Mas ele mesmo  narra  fato extraordinário,  contrariando tal afirmação.. Em 1840, após um mês de cama, com insônia contínua e absoluta inapetência, o seminarista Bosco foi desenganado pelos médicos. Mamãe Margarida, sem nada saber, foi visitá-lo e levou-lhe um grande pão de fabricação doméstica  e uma garrafa do generoso vinho das colinas de Asti . Encontrando-o assim enfermo, queria levar de volta o alimento e a bebida que trouxera, por achá-los ambos absolutamente inconvenientes ao seu estado de saúde. Ele, porém, suplicou à mãe que deixasse tudo ali, à sua cabeceira. Quando a mãe saiu,  começou a provar um pouco do vinho e uns pedaços do pão. A seguir, comeu o pão  todo e bebeu  toda a garrafa de vinho. Entrou em  profundo sono, que durou uma noite e dois dias seguidos. Os superiores do Seminário consideravam aquele sono precursor da morte. Mas João,  ao acordar, ante o estupor de todos,  estava completamente curado e retomou de imediato suas atividades ordinárias de estudante seminarista. (MB vol. I, pg. 482)
            Na instalação definitiva do Oratório, no prado de Valdocco, periferia de Turim, em 1846,  Dom Bosco sofreu  forte crise de estafa, que o levou às portas da morte. Após período de repouso e vida nos campos da terrinha natal, voltou com sua Mãe para Turim, onde retomou com vigor o iniciado trabalho em favor dos jovens abandonados ou empregados nas construções, que perambulavam sem rumo pela capital do Piemonte.
                O volume IX de suas Memórias biográficas (são 20 ao todo, incluindo o Índice Geral) a páginas 945, fala de uma estranha doença de Dom Bosco, com a dilatação de sua calota craniana, por volta do ano 1870,  após seis meses de contínua dor de cabeça. No início do ano letivo de 1871, portanto em outubro, em Varazze, onde fora em visita aos alunos, contraiu grave enfermidade na pele que o reteve naquele colégio, recém-inaugurado, só voltando a Turim na metade de janeiro do ano seguinte (MB X, pgs. 227-312)
                Também em 1884, portanto a menos de quatro anos antes de sua morte, os médicos constataram um desvio de sua costela externa (MB IX pgs. 945)
                Conta-se ainda que, no fim da vida, os médicos declararam que sua doença, não era outra, a não ser um total esgotamento de suas forças físicas, comparando-o a um tecido, que se esgarça pelo uso excessivo e prolongado.
                É o que sabemos das fontes seguras da biografia de nosso Pai, Dom Bosco, “humilde, forte e robusto” como lhe dissera nos albores da existência,  Aquela “que tudo fez”.


Um seminarista mártir

Motivo grave e emoção profunda, só essas causas poderiam fazer um Cardeal da Cúria romana emocionar-se em público numa cerimônia litúrgica. Foi o que aconteceu com o Cardeal salesiano Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, presidindo em Módena-Itália, em nome do Papa Francisco, a cerimônia de beatificação do jovem seminarista Rolando Rivi, em 5 de outubro passado.
                É um novo mártir da fé que levou seu compromisso com Cristo até o derramamento do sangue. Nasceu em 1931 e, de pequeno, seu sonho era tornar-se sacerdote. Aos 11 anos, entrou no seminário e, como era costume na época, recebeu a veste talar, a batina, que se tornou a partir de então o seu “uniforme”, como ele dizia. Era o sinal visível de seu amor a Jesus e sua pertença total à Igreja. Sentia-se orgulhoso com sua veste talar e a usava no seminário, no campo, em casa. Era o distintivo de sua escolha de vida – dizia - que todos podiam ver e entender. Por causa da confusão do final da guerra na Itália, muitos o aconselhavam a deixar de usar a batina, pelo ódio que os “partigiani”, em parte, comunistas, tinham contra o clero.  Rolando respondia: “Não posso, não devo deixar a minha veste. Não tenho medo, estou feliz por usá-la. Não posso esconder-me. Eu pertenço ao Senhor.”
                No  dia 10 de abril de 1945, pouco mais de um mês do fim da 2ª Guerra mundial, os “partigiani”, cheios de ódio, capturaram Rolando. Ele foi despido, insultado e maltratado com chicotadas, para admitir uma improvável atividade de espionagem. Depois de três dias do rapto, sem que os chefes o soubessem, o jovem foi mutilado e depois assassinado com dois tiros de pistola, um na fronte esquerda e outro no coração.

                “Era muito jovem – disse o Cardeal Amato – para ter inimigos. Para ele, todos eram irmãos e irmãs. Não seguia uma ideologia de morte, mas professava o evangelho da vida. Rolando tinha compreendido bem a mensagem do Evangelho:  Amar também os inimigos, fazer o bem a quem o odiava e abençoar  quem o amaldiçoava. Celebrar o martírio do jovem Rolando é uma ocasião para bradar forte: nunca mais o ódio fratricida, porque o cristão verdadeiro não odeia, não combate ninguém. A única lei do cristão é o amor a Deus e ao próximo. As ideologias humanas desabam, mas o Evangelho do amor nunca tem fim, porque é uma boa nova. A beatificação de Rivi é uma boa notícia para todos. Estamos aqui reunidos para celebrar a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, da caridade sobre o ódio. Do sacrifício de Rolando, concluiu o Cardeal, derivam quatro exortações para nós: perdão, força, serviço e paz. De modo particular, ele dirige-se aos seminaristas da Itália e do mundo, convidando-os a permanecer fiéis a Jesus, a sentir contentamento e quase orgulho pela sua vocação sacerdotal e a testemunhá-la com alegria, serenidade e guarda da castidade.”

Os Bispos com a juventude


           
              Precioso legado nos deixou o Santo Padre o Papa Francisco quando, na recente Jornada Mundial da Juventude no Rio, conclamou a Igreja a ter especial atenção para com os idosos e a juventude. Ele dizia: “as pontas extremas da existência humana...”
                Atentos a essa recomendação do Pontífice e como um dos frutos para a nossa região da Jornada da Juventude, os bispos do Regional Nordeste 2 da CNBB (RN¸PB,PE e AL) dedicaram sua Assembléia Regional ao tema:”Evangelização da Juventude”, tomando por lema a frase bíblica “Ide e fazei discípulos meus todos os povos” (Evangelho de Mateus, 28,19).
                Foram três dias de trabalhos, precedidos do encontro fraterno e particular dos bispos do nordeste, no convento de Ipuarana, Lagoa Seca, diocese de Campina Grande. Excelente assessoria foi o serviço prestado aos bispos, assessores da juventude e jovens, pelo  bispo Dom Eduardo Pinheiro da Silva, salesiano, presidente da Comissão de pastoral da juventude da CNBB. Duas publicações da CNBB orientaram os trabalhos, conduzidos por Dom Eduardo: o estudo “Pastoral Juvenil no Brasil – identidade e horizontes”; e o documento nº 85: “Evangelização da juventude”.
                Através dos resultados dos trabalhos realizados pelos grupos de cada diocese e apresentados no último dia, ficou evidente a necessidade de uma comissão para pensar a formação de assessores da pastoral juvenil em âmbito regional. Todas as dioceses acentuaram a necessidade de formação dos assessores da juventude. Uma diocese sugeriu a redação de um subsídio em três eixos: VER – a realidade juvenil nos seus aspectos humano-afetivos e de liderança; ILUMINAR – com a Palavra de Deus na Bíblia e no Magistério da Igreja; AGIR, atendendo à realidade do jovem nordestino, seus anseios e necessidades. 
                Outra carência notável que foi diagnosticada em nosso regional pela Assembléia é a referente à pastoral universitária. Não temos pessoas habilitadas para esse trabalho, não temos formação de autênticos líderes cristãos, que por certo saem das universidades, enfim não temos uma autêntica e vigorosa pastoral universitária, apesar dos merecidos esforços de vários movimentos de formarem uma Nova Universidade, que será a Universidade onde Cristo reine soberano e os princípios da ética cristã sejam vividos e respeitados.
                Que a palavra ardente e fervorosa do bispo de Roma ecoe no coração e na vida de nossos Jovens: ”Ide, sem medo, para servir!” 

O Papa e a Paz


            “Nunca mais a guerra! Nunca mais!” – foi o brado suplicante do Papa Paulo VI em 4 de outubro de 1965 à  Assembléia das Nações Unidas, acrescentando: “Nunca mais uns contra os outros, nunca mais”. Papa Francisco retomou este brado de paz, do qual se fez intérprete, lembrando que a “a humanidade é uma única grande família sem distinções”. No Angelus  do domingo, 1º de setembro, ele exclamou: “O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.” Foi nesse Angelus, que o Papa reza da janela do Palácio Vaticano,  todos os domingos, ao meio-dia, com os fiéis na Praça de S. Pedro, que ele convocou toda a cristandade e os homens de boa vontade do mundo inteiro para no sábado seguinte, que era 7 de setembro, fazer um dia de jejum e de oração pela paz na Síria.
              Aos cristãos ortodoxos da Igreja sírio-malancar, cuja delegação ele recebeu no dia 5 daquele mês, o Papa Francisco convidou a juntos superar a cultura do confronto pela cultura do encontro, unidos católicos e cristãos ortodoxos na oração pela Síria.
            No sábado, 7 de setembro, unido a toda a Igreja naquele mesmo horário, o bispo de Roma concluiu o dia de  jejum e oração pela paz, com uma celebração das 20 às 24 horas na Praça de São Pedro, com  participação de cerca de 100 mil pessoas. Dois jovens sírios, Amman e Ismael, com a bandeira de seu país, em nome de grande número de muçulmanos, que participaram da celebração, afirmaram: “Estamos todos aqui para agradecer ao Papa, que demonstrou  compaixão  pelo nosso povo e porque hoje estamos todos unidos na oração pela paz”. Foram a oração e o jejum as armas indicadas pelo Papa Francisco para afastar a violência e a guerra.
              Espantam os números do conflito que já provocou mais de cento e dez mil mortos, numerosíssimos feridos e mais de seis milhões de deslocados e refugiados. As fotos das crianças famintas, divulgadas pela imprensa, são de cortar o coração. “Um ulterior agravamento da situação militar na Síria só teria tristes consequências para aquela população já tão sofrida”, disse com amargura o Cardeal Robert Sarah, presidente do Pontifício Conselho  Cor Unum, enviado do Papa para visitar pessoalmente os campos de refugiados  no Líbano e na Jordânia.
No esforço para evitar o pior, que seria uma intervenção militar dos Estados Unidos ou das potências européias, o Papa Francisco escreveu uma carta, datada de 4 de setembro,  ao presidente russo Vladimir Putin, que presidiu em São Petersburgo a reunião do G20, as vinte maiores potências econômicas do mundo. “Os chefes dos estados do G20 tomem consciência de que é inútil a pretensão de uma solução militar na Síria” – advertiu o Pontífice. E acrescentou: “Infelizmente, os demasiados conflitos armados que hoje afligem o mundo apresentam-nos, todos os dias, uma dramática imagem de miséria, fome, doenças e morte. Com efeito, sem paz não há qualquer tipo de desenvolvimento econômico. A violência nunca leva à paz, condição necessária para esse desenvolvimento.”
São essas as expressões da solicitude pastoral do Santo Padre, Pastor da Igreja de Cristo Jesus, pela paz no mundo e, agora, com empenho especial pelo Oriente Médio e em particular pela Síria que vive no momento uma história de dor e de morte.