Em 27 de maio do ano
passado, o Papa Bento XVI dirigiu uma
Carta Apostólica aos Bispos, presbíteros, consagrados e leigos da Igreja
Católica da República Popular da China. Junto com a Carta Apostólica dirigida à
China, a Santa Sé Apostólica enviou ao episcopado mundial uma “Nota
Explicativa” sobre este documento pontifício dirigido à Igreja da grande
potência emergente, que nesses dias promove a mais grandiosa, mais bem preparada e mais competitiva Olimpíada de todos os
tempos.
Neste artigo, quero me
limitar a algumas referências e um breve condensado da Nota Explicativa. Duas idéias fundamentais perpassam todo o
texto do Sucessor de Pedro e Pastor Universal da Igreja. De um lado, uma
especial deferência pela comunidade católica chinesa, unida à fidelidade aos
princípios que regem a eclesiologia católica. O texto pontifício é, portanto,
iluminado pela caridade e pela verdade. Fidelidade às linhas eclesiológicas do
Concílio Vaticano II e carinho pastoral pelo povo chinês.
A Igreja na China nos
últimos cinqüenta anos passou por provações e martírios, próprios de sua
caminhada na história. Nos anos ´50, ela
viu a expulsão dos bispos e missionários estrangeiros, a prisão de quase todos
os eclesiásticos e responsáveis dos movimentos leigos, o fechamento das igrejas
e o isolamento dos fiéis. Depois, veio a criação do Departamento para assuntos
religiosos e a chamada Associação Patriótica dos católicos chineses. Em 1958,
houve as duas primeiras ordenações episcopais sem mandato apostólico,
caracterizando o cisma da chamada “Igreja Patriótica” com a Igreja de Roma. E,
durante a Revolução Cultural de 1966
a 1976,
a violência caiu sobre todos os católicos, também sobre
os membros da Associação Patriótica.
Foi com a abertura promovida nos anos ‘80 pelo
governo de Deng Xiaoping, que se tornou possível certo diálogo e movimento
eclesial, com a reabertura de algumas igrejas, seminários e casas religiosas.
Mais uma vez o sangue dos mártires fôra semente de novos cristãos e a fé
permanecera viva nas comunidades com o testemunho de fidelidade a Cristo e à
Igreja.
O Papa lembra que
alguns pastores, unidos ao sucessor de Pedro e fiéis à doutrina católica, não
hesitaram em receber clandestinamente a consagração episcopal, com grave risco
de vida. Outros, após receberem a ordenação episcopal sem mandato apostólico,
pediram para serem recebidos na comunhão com o Papa e com seus irmãos no
episcopado.
Durante os anos ´90, o
Papa João Paulo II dirigiu várias mensagens e apelos à Igreja da China para a
unidade e a reconciliação entre a chamada Igreja Patriótica e a verdadeira
Igreja Católica, unida ao Papa. Mas, infelizmente, as tensões com as
Autoridades civis e dentro da comunidade católica não diminuíram.
Em janeiro de 2007,
realizou-se em Roma um encontro de uma Comissão especial, constituída de
peritos sinólogos e membros da Cúria romana, que seguem de perto os problemas
da Igreja na China. Bento XVI participou da última reunião e daí surgiu a decisão
desta Carta Apostólica.
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