sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A China e o Papa



            Em 27 de maio do ano passado,  o Papa Bento XVI dirigiu uma Carta Apostólica aos Bispos, presbíteros, consagrados e leigos da Igreja Católica  da República Popular da China.  Junto com a Carta Apostólica dirigida à China, a Santa Sé Apostólica enviou ao episcopado mundial uma “Nota Explicativa” sobre este documento pontifício dirigido à Igreja da grande potência emergente, que nesses dias promove a mais grandiosa,  mais bem preparada e  mais competitiva Olimpíada de todos os tempos.
            Neste artigo, quero me limitar a algumas referências e um breve condensado da Nota Explicativa.  Duas idéias fundamentais perpassam todo o texto do Sucessor de Pedro e Pastor Universal da Igreja. De um lado, uma especial deferência pela comunidade católica chinesa, unida à fidelidade aos princípios que regem a eclesiologia católica. O texto pontifício é, portanto, iluminado pela caridade e pela verdade. Fidelidade às linhas eclesiológicas do Concílio Vaticano II e carinho pastoral pelo povo chinês.
            A Igreja na China nos últimos cinqüenta anos passou por provações e martírios, próprios de sua caminhada  na história. Nos anos ´50, ela viu a expulsão dos bispos e missionários estrangeiros, a prisão de quase todos os eclesiásticos e responsáveis dos movimentos leigos, o fechamento das igrejas e o isolamento dos fiéis. Depois, veio a criação do Departamento para assuntos religiosos e a chamada Associação Patriótica dos católicos chineses. Em 1958, houve as duas primeiras ordenações episcopais sem mandato apostólico, caracterizando o cisma da chamada “Igreja Patriótica” com a Igreja de Roma. E, durante a Revolução Cultural de 1966 a 1976, a violência caiu sobre todos os católicos, também sobre os membros da Associação Patriótica.
            Foi com  a abertura promovida nos anos ‘80 pelo governo de Deng Xiaoping, que se tornou possível certo diálogo e movimento eclesial, com a reabertura de algumas igrejas, seminários e casas religiosas. Mais uma vez o sangue dos mártires fôra semente de novos cristãos e a fé permanecera viva nas comunidades com o testemunho de fidelidade a Cristo e à Igreja.
            O Papa lembra que alguns pastores, unidos ao sucessor de Pedro e fiéis à doutrina católica, não hesitaram em receber clandestinamente a consagração episcopal, com grave risco de vida. Outros, após receberem a ordenação episcopal sem mandato apostólico, pediram para serem recebidos na comunhão com o Papa e com seus irmãos no episcopado.
            Durante os anos ´90, o Papa João Paulo II dirigiu várias mensagens e apelos à Igreja da China para a unidade e a reconciliação entre a chamada Igreja Patriótica e a verdadeira Igreja Católica, unida ao Papa. Mas, infelizmente, as tensões com as Autoridades civis e dentro da comunidade católica não diminuíram.
            Em janeiro de 2007, realizou-se em Roma um encontro de uma Comissão especial, constituída de peritos sinólogos e membros da Cúria romana, que seguem de perto os problemas da Igreja na China. Bento XVI participou da última reunião e daí surgiu a decisão desta  Carta Apostólica.

            

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