sexta-feira, 28 de junho de 2013

MAIN, o filme



               Foi a 14 de maio passado, em Turim, no Cinema Máximo, pertencente ao Museu do Cinema na capital piemontesa (Norte da Itália), que se fez o lançamento  do  filme sobre a vida da co-fundadora com Dom Bosco das Filhas de Maria Auxiliadora:  Madre Maria Domingas Mazzarello. Seu título: MAÍN – a casa da felicidade. Maín era o apelido de família de Maria Domingas. O filme será a coroação dos festejos dos 140 anos de fundação do Instituto das  Irmãs salesianas. O script do filme foi confiado à jovem Irmã salesiana, Ir. Catarina Cangià,  catedrática de técnicas da Comunicação na Universidade Pontifícia Salesiana de Roma e diretora de uma escola para crianças e jovens, de 4 a 18 anos, com novas tecnologias e emprego do teatro como aprendizagem do inglês.
Os números deste filme impressionam pela seriedade do trabalho cinematográfico da
Irmã Cangià,  acompanhando todos os passos do diretor Simone Spada, que tem formação de direção cinematográfica na USC Film School de Los Angeles. Foram três anos de trabalho, tendo as filmagens, realizadas nos arredores de Roma, reproduzido o aspecto camponês das colinas do Monferrato de Mazzarello e do início do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Quarenta  dias de  tomadas, de 8 de agosto a 12 de setembro do ano passado, em oito locações diferentes. Há 15 atores principais e o mesmo número de coadjuvantes. Trabalharam 200 figurantes, além das crianças e jovens dos bairros da periferia romana, que às vezes se misturavam aos atores, sob o olhar benigno de Irmã Cangià. O pessoal técnico eram 56 e foram usadas 600 vestes, com 8 estúdios de filmagem, sendo duas as máquinas filmadoras. A dublagem foi feita em sete línguas, além do original italiano: inglês, francês, espanhol, português, alemão, polonês e japonês. Os letreiros que acompanham a versão original  podem ser lidos em vietnamita, esloveno, coreano, croata, eslovaco, tcheco, árabe, tailandês ou flamengo. Isso nos dá a dimensão mundial do trabalho, que as Irmãs salesianas querem imprimir nesta obra cinematográfica em honra de sua Co-fundadora.                            
Foi  trabalho feito com  coração e  paixão da jovem Irmã salesiana, Catarina Cangià, que seguiu atentamente  toda a preparação, a produção e a pós-produção desse filme. Ela declarou ao Bollettino Salesiano: “Em agosto, quando sair os DVDs do filme, se completarão três anos, que vivo unicamente com este pensamento, que se transformou em pesquisas e estudo das biografias, cartas e documentos de nossa Madre, que me era uma companhia constante. Parecia-me que Santa Mazzarello me estava vizinha ao que eu estava projetando e depois realizando.”
Declarou ainda: “No filme procurei usar  linguagem cinematográfica de hoje, acessível aos jovens e aos leigos e leigas, desejosos de conhecer a vida e a mensagem da Madre.  No título Maìn, a casa da felicidade, pretendo traduzir uma frase que a Madre gostava de repetir: “Mornese (sua cidade natal e berço da Congregação) era a casa do amor de Deus.  ˂˂Casa˃˃ diz relação, amor que circula. E felicidade é fruto do amor. Mornese não só foi casa para nossa Santa, mas se tornou casa para as jovens que lá se formaram. E ensinou, ontem para as primeiras Irmãs e hoje continua para nós, suas filhas, a ensinar a ser casa para as jovens de todo tempo e lugar.”
À Gaia Insenga,  protagonista que interpreta Maín adulta, Irmã Catarina advertiu: “Todo o mundo verá Maín através de teu olhar, através de teus gestos.”  E a Irmã conclui sua entrevista: “Parece-me que ela o conseguiu; o seu sorriso atingirá o coração de muitos...”

quinta-feira, 27 de junho de 2013

UMA LIÇÂO DO MENSALÂO


UMA  LIÇÃO  DO  MENSALÃO



               Não é intento meu tecer aqui considerações a respeito da realização do julgamento do Supremo Tribunal Federal, sobre o chamado “mensalão”, amplamente divulgada pela imprensa escrita e pela televisão com grande audiência. Quero apenas salientar que este processo de alto nível, marco histórico na Justiça brasileira, redime-a um pouco da pecha de que no Brasil só os três “bps” (preto, pobre e prostituta) sofrem os rigores da lei. Agora, felizmente, o que presenciamos é que também ricos e poderosos, homens do Palácio do Planalto e do Legislativo federal, do sistema bancário e do poder econômico, estão sendo julgados e examinados em ações fraudulentos pela mais alta Côrte de Justiça de nosso país
               Quero apenas mostrar com um exemplo, que serve de lição para a nossa juventude, que esta tal lei de cotas raciais é um “tiro no pé”, porque necessariamente vai provocar desnível de qualidade e de  prêmio à meritocracia para as Universidades federais, em confronto com as boas escolas particulares de ensino superior, que admitem o aluno pelo critério do mérito e não pela cor de sua pele. Necessário se torna urgentemente que o ensino fundamental e médio das escolas públicas¸ que se supõe serem dos pobres, rivalize em eficiência com o das escolas particulares, supostamente frequentadas pelos ricos.
               O exemplo é do ministro  Joaquim Barbosa, relator do mais famoso processo da Justiça brasileira, com milhares de páginas, que apesar de algum “bate-boca” com o revisor Ricardo Lewandowski, vem se mostrando de competência inigualável. Quem é Joaquim Barbosa? – responde-me um ex-aluno meu do Salesiano, hoje competente médico do Recife, que me enviou por via eletrônica o “curriculum vitae” do ministro.
Joaquim Barbosa nasceu em Paracatu, humilde cidade do noroeste mineiro. Foi o primeiro de
oito irmãos. Seu pai era pedreiro e sua mãe dona de casa. Passou a ser arrimo da família, quando os pais se separaram. Aos 16 anos, foi para Brasília, arranjou emprego na Gráfica do Correio Braziliense e assim terminou o segundo grau, sempre em escolas públicas. Obteve o bacharelato em Direito na Universidade de Brasília, onde a seguir obteve o mestrado em Direito do Estado. Foi oficial de chancelaria no Ministério das Relações Exteriores de 1976 a 1979, tendo servido na embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia e, depois, advogado do serviço federal de processamento de dados (SERPRO). Prestou com êxito o concurso público para Procurador da República, mas licenciou-se do cargo e foi estudar na França por quatro anos, tendo obtido mestrado e doutorado em Direito Público na Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) de 1990 a 1993. Retomou o cargo de procurador da República no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a UERJ. Foi “visiting scholar” de Direitos Humanos no Instituto da Faculdade de Direito da Universidade Columbia de Nova York de 1999 a 2000 e depois, na Universidade da Califórnia Los Angeles School of Law de 2002 a 2003.
               Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em inglês, francês, alemão e espanhol. Toca piano e violino desde os 16 anos de idade. As más línguas dizem que seus elegantes ternos são confeccionados por alfaiates de Paris e Nova York...
               Este é o homem que não precisou de cotas raciais ou sociais para chegar aonde chegou...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

OS MÉDICOS E O ABORTO



               “Cristãos de salão”, na original expressão do Papa Francisco, parece-me serem os cristãos não comprometidos com as exigências duras do Santo Evangelho, tais como: a fidelidade conjugal com a indissolubilidade do matrimônio e, sobretudo, para os dias atuais, a fecundidade do casal cristão, repudiando formas de controle da natalidade por métodos não-naturais, o amor irrestrito ao dom da vida, expresso no repúdio ao aborto e às outras atitudes contrárias à vida, tais como alcoolismo,  droga,  prostituição e outras.
               Informa-nos o boletim do movimento Pró-vida de Anápolis (Goiás): “Em l2 de março deste ano, o Conselho Federal de Medicina emitiu um ofício circular nº 46/2013, comunicando que no Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina, realizado de 6 a 8 de março p.p. em Belém do Pará, deliberou-se por maioria apoiar a descriminalização do aborto em todos os casos propostos pelo projeto Sarney nº PLS 216/2012, por simples vontade da gestante até a 12ª semana de gestação. Frase confusa da carta dá conta de que não se decidiu serem os Conselhos de Medicina favoráveis ao aborto, mas, sim, favoráveis à autonomia da mulher e do médico.”
               O pneumologista Dr. Edson de Oliveira Andrade, que foi presidente do Conselho Federal de Medicina de 1999 a 2009, citado pelo mesmo boletim, assim comenta a estranha decisão do CFM: “Quando nos ouviram sobre o assunto? Quando perguntaram aos médicos brasileiros o que eles pensam sobre o aborto? Nem antes nem agora. O pensamento do CFM pode ser da maioria de seus membros e nunca nossa posição sobre o assunto. Pelo menos até que se consulte os mais de 300 mil médicos brasileiros...”
Palavras duras e muito sinceras tem a jornalista Rachel Sherezade, do SBT, comentando a decisão pró-aborto do CFM: “A indefensável defesa do Conselho Federal de Medicina à causa do aborto traz em si uma contradição abominável. Médicos que deveriam salvar vidas apoiam a morte. Que vergonha! Consideram inaceitável mulheres morrerem em abortos ilegais, mas defendem a morte de crianças em abortos legais. Do alto de sua arrogância, o Conselho quer sentenciar qual vida tem mais valor.” E acrescenta maliciosamente: “Ou será que o Conselho está de olho em  novo nicho de mercado?...”
Podemos concluir: O aborto está para a medicina como a morte está para a vida, como o ‘não’ está para o ‘sim’. Já na era pré-cristã, o juramento de Hipócrates fazia os médicos se comprometerem a nunca fornecer a uma mulher qualquer substância abortiva. Os 300 mil médicos brasileiros não foram consultados e nem apoiariam essa proposta infame, que contradiz a própria razão de ser da medicina: SALVAR VIDAS.


terça-feira, 18 de junho de 2013

OPINIÕES SOBRE A JUVENTUDE


              
                Pensando ainda na Jornada Mundial da Juventude, de 23 a 28 do próximo julho, no Rio, vamos considerar  citações  de alguns autores sobre o fenômeno “Juventude”.
               O Livro dos Provérbios na Bíblia ensina: “Orgulho dos jovens é seu vigor, como os cabelos brancos são a honra dos anciãos” (Cap. 20, v. 29). Cristina da Suécia parece-me radical: ”Todo fraco é velho, todo forte é jovem.” Já Benjamin Disraeli mostra-se bem mais otimista: ”Quase tudo o que é grande  foi levado a cabo pela juventude” (Coningsby, 3,1). E é o mesmo Disraeli, que em outro texto confirma: “Os jovens de uma nação são os depositários da posteridade”(Sybil, 6,13). Disse Goethe: “A juventude quer mais ser estimulada que instruída” (Warheit und Dichtung). Nos Pensées de J. Joubert, encontramos esta opinião pessimista: “As paixões da juventude tornam-se vícios na velhice” (7, 17). Mais simpático me parece I. Nievo  quando diz no 2º capítulo de suas Confissões de um octogenário: “A juventude é o paraíso da vida, a alegria é a juventude eterna do espírito.” Panzini, em seu Santippa diz com ironia: “A divina juventude sempre acreditou, e ainda hoje acredita, que é muito fácil remover o mundo”. Artur Von Platen, autor alemão do século 19,  sentencia em seu Gedichte: “A ancianidade pondera com cuidado as coisas e mede seu alcance; a juventude diz: é assim – e pronto!”  Já Samuel Ullman diz com sabedoria: “Youth is not a time of life; it is a state of mind” – o que seria em português: “A juventude não é um tempo da vida; é um estado de espírito.”
              Mas interessa-nos ouvir um educador da juventude de hoje em nosso país. É o Padre Gildásio Mendes, salesiano, reitor da Universidade Católica de Campo Grande. Sob o título “Protagonismo juvenil na cultura midiática”, no Boletim Salesiano de março último, ele tece oportunos e valiosos comentários. Diz ele: “ Os jovens cresceram com a internet, com as novas tecnologias e estão tendo controle das redes sociais. Deixam de ler jornais impressos para navegar nos sites, para criar, remodelar, montar, editar, socializar em rede. Têm dificuldade de pensar de modo linear e cartesiano. Os jovens utilizam linguagens digitais (imagem, som, interatividade) e as redes como novos conceitos e enciclopédias de informação. Não existe protagonismo juvenil, sem o reconhecimento da nova linguagem por eles usada.” E mais adiante, conclui: “Os jovens conhecem e dominam as novas linguagens da mídia mais que os próprios pais e educadores. Filhos dos novos tempos, eles vivem imersos na nova ambiência midiática de modo natural, seja no conhecimento e domínio da linguagem da nova mídia, seja no modo de participar da Igreja e do desenvolvimento econômico, político, social e ambiental.”

               Fica-nos a inquietante interrogação: “Como educar os jovens de nosso tempo? Como formá-los na fé e no conhecimento de Cristo, com a pertença à Igreja?” Esperamos alguma resposta para essa inquietude pastoral na próxima Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.

A Juventude no Rio


JORNADA  MUNDIAL  DA  JUVENTUDE


               A juventude católica do mundo inteiro tem encontro marcado no Rio de Janeiro de 23 a 28 de julho próximo, para a Jornada Mundial da Juventude, sob a presidência do Papa Francisco. Este ano foi declarado para a Igreja do Brasil o “Ano da Juventude”.
               É hora de perguntar- nos: Mas, afinal o que é juventude? O que é esta juventude que está aí, nascida na última década do século passado? A juventude dos tablets, que passa o dia , com os fones de ouvido, ligados às músicas de seu gosto, que eles baixaram  (download) do seu Ipad, onde estão armazenadas as canções de sua preferência, ou estão  telefonando de seus iphones, smartphones e mais meios de comunicação?
 A juventude é a passagem de uma fase da vida, com dificuldade classificada cronologicamente. Há jovens-velhos e velhos-jovens. Conheço homem de mais de 80 anos, que usa Ipad, smartphone, twitter, facebook e outros recursos da chamada nova tecnologia. No mundo sempre houve jovens. É evidente. Mas o específico do mundo de hoje é a chamada “aceleração da história”. Esta é a novidade. É a precipitação da evolução, que coloca o jovem em posição especial, original, e põe em xeque os valores tradicionais, defendidos pelas gerações passadas. Numericamente, tem havido nas últimas décadas uma explosão de juventude, sobretudo nos países sub-desenvolvidos ou emergentes. Socialmente, criou-se o fenômeno da ascensão do poder jovem, que constitui hoje  verdadeira classe social. Sintoma: na Europa do século 18 os jovens, imitando Luís 15 de França, usavam perucas brancas. Hoje, os velhos pintam os cabelos de preto...Apontam-se como causa desse fenômeno: o acesso à universidade das classes menos favorecidas, com a consequente democratização da cultura; a criação de lideranças jovens; o tardio engajamento dos jovens no mundo do trabalho e da família – casamentos com a idade cada vez mais avançada.
E agora, a pergunta: Haverá uma Igreja jovem? A Igreja precisa dos jovens, de sua sinceridade, de sua generosidade, do seu desejo de viver em grupos¸ da renovação, de que eles são portadores. Há riscos para a ação pastoral no tratar com os jovens: o primeiro é querer “macaquear” os jovens – ser em tudo igual a eles: outro, é falar só o que eles querem ouvir – não é diálogo, nem formação, é pura imitação; outro ainda, é a preocupação de agradar a todo custo, destruindo a sinceridade e a autenticidade da mensagem de Cristo.
              Tratando dos jovens de hoje diante do compromisso da consagração religiosa, o reitor-mor dos Salesianos, Pe. Pascual Chavez, em documento deste mês de maio, assim se expressou: “Hoje, nós nos encontramos com um jovem culturalmente novo, caracterizado pela dificuldade de optar e de considerar determinada opção como definitiva, pela falta de coragem para o sofrimento e a luta. O  jovem de hoje sente a necessidade da afirmação de si  mesmo no plano profissional e econômico; deseja independência e, ao mesmo tempo, proteção. Vive o analfabetismo da fé e uma experiência pobre de vida cristã.” Numa avaliação mais positiva, continua o Padre Chavez: “Ao lado destes aspectos de fragilidade, os jovens apresentam recursos e capacidades positivas: a busca de relações interpessoais significativas, a atenção à afetividade, a disponibilidade e generosidade no trabalho gratuito e no voluntariado, a sinceridade e a busca de autenticidade.”
               O Superior da Família Salesiana resume nessas palavras o que se poderia dizer do jovem de hoje, frente aos desafios que a vida vai colocar diante dele.
(*) É arcebispo emérito de Maceió.   

A Sé Vacante





               Naquela segunda-feira (Carnaval no Brasil), 11 de fevereiro, festa de Nossa Senhora de Lourdes, o planeta foi sacudido de estupor pela notícia, logo transmitida pela mídia internacional: o Santo Padre Bento XVI anunciava ao mundo sua renúncia ao Sumo Pontificado da Igreja, no próximo dia 28 de fevereiro! Na verdade – conforme fontes do Vaticano – parece que ele teria querido renunciar naquele mesmo dia, mas foi dissuadido pelos  cardeais, seus mais íntimos conselheiros a, naquele dia, apenas anunciar a próxima renúncia.
               O gesto do Papa Ratzinger causa imensa admiração, por ser o segundo em toda a bimilenar história do papado. O primeiro, e até agora único, que renunciara ao pontificado era Celestino V em 1294,  depois declarado santo.  Seu sucessor foi o famoso Bonifácio VIII (1294 - 1303)   célebre por suas lutas com o rei Felipe IV de França e acusado, talvez falsamente, de ter induzido o santo Celestino a renunciar.
                A decisão de nosso querido Bento XVI impressionou o mundo, primeiramente, pela humildade de que se reveste, por se considerar indigno de continuar como Sumo Pontífice por causa da idade. Inclui também profunda renúncia ao “status” de chefe da Igreja, para ser talvez apenas um cardeal da Santa Igreja Romana.
 Mas foi também gesto de coragem apostólica, ignorando por completo como será sua vida e atividade a partir de agora, nessa nova situação, tão insólita, de um ex-papa. Certamente, como grande teólogo que é, dos maiores da atualidade, vai dedicar-se aos seus estudos e aos seus livros. Grande era já sua produção teológica, quando eleito Papa, além do recente livro “Jesus de Nazaré”, escrito não como Papa, como pronunciamento do Supremo Magistério da Igreja, mas livro de pesquisa e reflexão, podendo ser contestado e criticado por qualquer estudioso da matéria. Quero informar que, eleito Papa, o teólogo Ratzinger renunciou a todos os direitos autorais de suas mais de duzentas publicações, em favor das combalidas finanças da Santa Sé.
Mas, acho que foi também atitude de imenso amor pela Igreja. Julgo que Bento XVI, por esse amor tão grande, que é o sentido de sua vida, teme que pelo peso dos anos, já não possa mais servir à sua Igreja, como desejaria, e assim ela venha a sofrer alguma deficiência, pela idade de seu pontífice supremo.
Mas vejo sobretudo, nesta decisão de nosso querido Bento XVI, uma visão de fé nos destinos da Igreja, amparada, guiada e sustentada pelo seu Divino Fundador. Apesar da fraqueza dos homens que a governam, ela permanece para sempre “nos caminhos da história, em meio às consolações de Deus e às perseguições dos homens” (S. Agostinho).

 .

A Renúncia

A   RENÚNCIA



               Naquela segunda-feira (Carnaval no Brasil), 11 de fevereiro deste ano de 2013, festa de Nossa Senhora de Lourdes, o planeta foi sacudido de estupor pela notícia, logo transmitida pela mídia internacional: o Santo Padre Bento XVI anunciava ao mundo sua renúncia ao Sumo Pontificado da Igreja, no próximo dia 28 de fevereiro! Na verdade – conforme fontes do Vaticano – parece que ele teria querido renunciar naquele mesmo dia, mas foi dissuadido pelos  cardeais, seus mais íntimos conselheiros a, naquele dia, apenas anunciar a próxima renúncia.
               O gesto do Papa Ratzinger causa imensa admiração, por ser o segundo em toda a bimilenar história do papado. O primeiro, e até agora único, que renunciara ao pontificado era Celestino V em 1294,  depois declarado santo.  Seu sucessor foi o famoso Bonifácio VIII (1294 - 1303)   célebre por suas lutas com o rei Felipe IV de França e acusado, talvez falsamente, de ter induzido o santo Celestino a renunciar.
                A decisão de nosso querido Bento XVI impressionou o mundo, primeiramente, pela humildade de que se reveste, por se considerar indigno de continuar como Sumo Pontífice por causa da idade. Inclui também profunda renúncia ao “status” de chefe da Igreja, para ser talvez apenas um cardeal da Santa Igreja Romana.
 Mas foi também gesto de coragem apostólica, ignorando por completo como será sua vida e atividade a partir de agora, nessa nova situação, tão insólita, de um ex-papa. Certamente, como grande teólogo que é, dos maiores da atualidade, vai dedicar-se aos seus estudos e aos seus livros. Grande era já sua produção teológica, quando eleito Papa, além do recente livro “Jesus de Nazaré”, escrito não como Papa, como pronunciamento do Supremo Magistério da Igreja, mas livro de pesquisa e reflexão, podendo ser contestado e criticado por qualquer estudioso da matéria. Quero informar que, eleito Papa, o teólogo Ratzinger renunciou a todos os direitos autorais de suas mais de duzentas publicações, em favor das combalidas finanças da Santa Sé.
Mas, acho que foi também atitude de imenso amor pela Igreja. Julgo que Bento XVI, por esse amor tão grande, que é o sentido de sua vida, teme que pelo peso dos anos, já não possa mais servir à sua Igreja, como desejaria, e assim ela venha a sofrer alguma deficiência, pela idade de seu pontífice supremo.
Mas vejo sobretudo, nesta decisão de nosso querido Bento XVI, uma visão de fé nos destinos da Igreja, amparada, guiada e sustentada pelo seu Divino Fundador. Apesar da fraqueza dos homens que a governam, ela permanece para sempre “nos caminhos da história, em meio às consolações de Deus e às perseguições dos homens” (S. Agostinho).
Com seu ato, Joseph Ratzinger faz a entrega do governo supremo da Igreja àquele, que é de fato seu verdadeiro Chefe, Cristo Jesus.

A Encíclica não publicada




             “Amar  a Igreja significa também ter a coragem de fazer escolhas difíceis, dolorosas, tendo sempre diante dos olhos o bem da Igreja e não a nós mesmos” disse Bento XVI na 4ª feira, 27 de fevereiro, véspera do dia de sua renúncia. “Talvez não haja frase mais incompreensível para a mentalidade atual, caracterizada pela obsessão do poder, em todos os níveis, seja na vida pública como na pessoal”comentava Sílvia Guidi no jornal do Vaticano.
               “Bento XVI não publicou a encíclica sobre a fé – embora estivesse já em fase bem adiantada – que devia divulgar na primavera, porque não teve mais tempo. Mas existe outra encíclica, escondida em seu coração, não escrita pela caneta, mas pelo gesto de seu pontificado. Esta encíclica não é um texto, mas uma realidade: a humildade. Um homem que pertence à raça das águias intelectuais, temido pelos adversários de suas idéias, admirado por seus alunos, respeitado por todos, graças à nitidez de suas análises sobre a Igreja e o mundo, naquele 19 de abril de 2005, apresenta-se humildemente diante do mundo como um pobre trabalhador da vinha do Senhor. Usará até a terrível palavra “guilhotina” para descrever o sentimento que o invadiu, quando os cardeais na Capela Sistina, no fim do conclave, se voltaram para o aclamar” – escreveu Jean-Marie Guenois, em artigo publicado em Le Figaro Magazine e que teve a honra de ser transcrito no L’Osservatore Romano.
               Não eram palavras de efeito. Eu o conheci como palestrante num curso para bispos no Rio e pude admirar sua simplicidade e modéstia como excelente professor. Tive depois vários encontros com ele no Vaticano e notava sua delicadeza e atenção, vindo me receber à porta de sua sala de trabalho e apertando minha mão carinhosamente com ambas as mãos. Comovi-me em extremo quando, pela televisão, o vi tomar aquele helicóptero, para deixar  o Vaticano e ir para Castelgandolfo.
               Continua Guenois no Le Figaro: “ Depois, ele teve que aprender a profissão de Papa.
Sem assumir a desenvoltura de um João Paulo II, pode-se dizer que nunca um Papa teve, em certo sentido, tão pouco daquilo que o mundo chama de “sucesso”. Foram oito anos terríveis de pontificado, passando de uma polêmica a outra: crise com o Islam, após seu discurso na Universidade de Regensburg, onde evocou a violência religiosa” - dizia-se, no Vaticano, que ele havia humildemente comentado que poderia dizer aquilo como professor, não como Papa  - ; “deformação de suas palavras sobre a AIDS, em sua primeira viagem à África; vergonha sofrida pelo caso dos padres pedófilos, que já vinha do pontificado anterior;  o caso do bispo Williamson, com suas declarações sobre o Shoah (extermínio dos judeus), que ele ignorava e do qual, havia revogado a excomunhão, que sofrera com outros três, por terem sido sagrados bispos por Dom Lefebvre, sem nomeação pontifícia; as incompreensões e dificuldades de pôr em ação seu desejo de transparência nas finanças do Vaticano e, por fim, a traição de seus íntimos no caso Vatileaks, quando seu mordomo entregou aos jornalistas suas cartas confidenciais e, condenado, foi por ele benignamente perdoado.” Comenta Lucetta Scaraffia, no mesmo jornal do Vaticano: “O pontificado de Joseph Ratzinger foi revolucionário e não apenas por sua renúncia, mas porque  interpretou com coerência e radicalidade nova o papado e sua função, acentuando o caráter de serviço e humildade.”
Podemos concluir com o articulista francês: “Só Deus conhece o poder e a fecundidade da humildade!”

               

Os Santos Juninos



O calendário cristão registra neste mês de junho três santos, que no Brasil desfrutam da maior popularidade. São eles: S. Antônio (dia 13), S. João (dia 24) e S. Pedro (dia 29).

 S. Antônio, nascido em Lisboa ao expirar do século 12, em 1195, pertencia à nobre família dos Bulhões, descendente ainda de Godofredo de Bulhões, herói da 1ª Cruzada. Com o nome de batismo, Fernando, entrou na prestigiosa Ordem dos Cônegos de S. Agostinho, na qual fez seus estudos teológicos na Universidade de Coimbra. Aos 25 anos, ordenado sacerdote, viu chegarem em Coimbra os gloriosos restos mortais de cinco heróicos missionários franciscanos, martirizados em Marrocos, na África. Fernando, renunciando mais uma vez à fama e ao prestígio deste mundo, entrou com o nome de Antônio na nascente e humilde família de S. Francisco de Assis, ainda vivo, e pediu para ser enviado ao Marrocos, onde sonhava seguir o caminho missionário do martírio. Eram diferentes os planos de Deus. Adoeceu e os superiores o enviaram de volta à Europa. Uma tempestade no Mediterrâneo levou-o às costas da Itália, precisamente à Sicília. De lá, Antônio seguiu para Assis, onde se realizava o famoso "Capítulo das esteiras", ainda sob a presidência do Seráfico Pai dos franciscanos. Reconhecido seu valor por S. Francisco, foi feito primeiro mestre de teologia da Ordem e pregador de missões populares, no estilo de nosso Frei Damião, percorrendo o sul da França e o norte da Itália, em disputa com os hereges albigenses e fazendo contínuos milagres. Faleceu aos 36 anos de idade e foi canonizado no ano seguinte pelo Papa Gregório IX. Mais que santo casamenteiro e milagroso auxiliar no encontro de coisas perdidas, S. Antônio é o santo do amor à doutrina cristã, do desapego das honrarias e riquezas deste mundo e da crescente generosidade no cumprimento da vontade de Deus, no anúncio do evangelho de Jesus até o martírio.                                                                                                  

       S. João é aquele, do qual disse Jesus: "Entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior do que João, o Batista" (Mt 11,11). No deserto da Judéia, ele preparava o povo a receber o Messias, proclamando: "Convertei-vos porque o Reino dos céus está próximo!" (Mt 3,2). Aos fariseus e saduceus, que vinham receber seu batismo de penitência, bradava com energia: "Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir?" (Mt 3, 7). Com muitas exortações, diz Lucas, anunciava ao povo a Boa Nova do Evangelho. Enquanto pregava a conversão, aponta Jesus à multidão, dizendo: "Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"(Jo 1,29). Daí, a tradição de retratá-lo com um cordeirinho nos braços. Não titubeou em denunciar a Herodes, o poderoso de turno que o temia: "Não te é lícito ter a mulher de teu irmão!" Tal intrepidez custou-lhe a cabeça, que foi oferecida num prato à filha dançarina da cunhada-amante do rei.  Nosso Nordeste dá primazia a S. João entre os santos juninos, com tradições típicas da época, como comida de milho, dança de quadrilha (meio francesa, meio nordestina) e os fogos juninos. Seria, por acaso, uma lembrança da fogueira, que Joaquim teria aceso nas montanhas da Judéia, em regozijo pelo nascimento do filho de sua velhice? A liturgia proclama : "No seu nascimento, todos se alegrarão!" 

    Perto do fim do mês, ainda temos  o chefe dos apóstolos, a Pedra fundamental da Igreja de Jesus, aquele que recebeu do Mestre a missão de confirmar os irmãos na fé, aquele que foi constituído supremo Pastor das ovelhas e dos cordeiros do Senhor, aquele que recebeu a divina promessa de que seria ligado no céu o que ele - e seus sucessores, os Pontífices romanos - ligassem na terra e seria desligado o que eles desligassem. S. Pedro, na tradição brasileira, é o celestial padroeiro dos pescadores, ele que também foi humilde pescador da Galiléia, no lago de Tiberíades, e que Jesus chamou em meio às redes e aos barcos de seu humilde ofício para ser chefe de seus discípulos e apesar de tê-lo negado três vezes, três vezes exclamou contrito: "Senhor, tu sabes tudo, tudo sabes que eu te amo!" (Jo 21,15-17). A fé do apóstolo Pedro é a fé da Igreja: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" (Mt l6, 16).

Que as manifestações populares e tradicionais dos três santos de junho sejam um estímulo de revigoramento da fé e da prática religiosa para nosso povo.

FRANCISCO, o primeiro




O nosso novo Papa é o primeiro latino-americano a ser eleito Sumo Pontífice da Igreja ; o primeiro jesuíta a ser eleito sucessor de Pedro, oriundo de uma Ordem, das mais importantes da Igreja, com quatro séculos de ação missionária, sobretudo na América e no Oriente;  o primeiro a tomar o nome de Francisco;  o primeiro a pedir as orações do povo que o acolhia na Praça de São Pedro, solicitando um minuto de silêncio à multidão de mais de 50 mil pessoas e curvando-se em recolhimento; o primeiro a rezar pelo seu antecessor que  renunciou (“Que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde” – disse ele sobre o papa emérito); o primeiro que rezou com o povo 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria e 1 Glória ao Pai, antes de dar a bênção ritual e tradicional; o primeiro que disse que os Irmãos Cardeais foram buscar um papa “quase no fim do mundo” (assim chamou a Argentina, seu país de origem) e concluiu “Eis-me aqui!”; o primeiro a rezar a missa do dia seguinte à eleição,  para pedir a proteção da Virgem Santa para seu pontificado;  o primeiro que como cardeal-arcebispo dispensara carro e motorista e se locomovia em sua cidade episcopal com os transportes públicos; o primeiro arcebispo também (nisso imitando o nosso Dom Hélder) que renunciara a morar no Palácio Episcopal, indo residir na própria Cúria, onde despachava e atendia ao serviço episcopal.
Não estava o papa Francisco  na lista dos 10 “papabili”, feita pela mídia internacional, e confirmou-se o provérbio vaticano, que diz: “quem entra papa no conclave, sai cardeal”. E no 5º escrutínio, ele terá recebido o mínimo de 77 votos dos 115 cardeais eleitores. Há quem afirme que no conclave de 2005, que elegeu o papa Bento XVI, o Cardeal Bergoglio teria sido o segundo mais votado.
“Não é uma busca pelo poder, mas uma recusa ao poder e um apego ao serviço em estado puro” – disse o porta-voz da Santa Sé, Padre Lombardi aos jornalistas. “Não é a geo-política evangelizadora que define a escolha de um cardeal para ser papa” afirmou o jornal parisiense Le Monde, e acrescentou: “O jesuíta Jorge Mario Bertoglio não é de esquerda, nem de direita, é de centro, mas não se dá com Cristina Kirshner. E era o chefe de uma Igreja argentina contestada.”
 “A escolha de seu nome, Francisco, é já significativa porque nos dá alguns traços característicos do novo Papa:  simplicidade, pobreza, e autenticidade” – afirmou o Reitor Mor dos Salesianos na mensagem que enviou naquele mesmo dia 13, quarta-feira, a toda a Família Salesiana. E continua Pe. Pascual Chavez: “Esses traços característicos da personalidade do Papa Francisco evidenciam também alguns elementos que devem definir o rosto da Igreja e sua relação com o Mundo.”
               O então Presidente da Conferência Episcopal dos Bispos da Argentina, hoje Papa Francisco, foi o principal relator do Documento conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado latino-americano e do Caribe, de maio de 2007, em Aparecida (São Paulo),  que convidou o continente da esperança a formar os novos discípulos e missionários, que o Evangelho de Jesus precisa na América Latina. 
               Este pontificado do Papa Francisco abre nova esperança no diálogo da Igreja com o mundo de hoje, visando à evangelização da Europa, esquecida do cristianismo, da América latina,  imersa nas injustiças sociais e na opressão dos pobres e no resto do mundo, que ainda espera o anúncio de Jesus, salvador e redentor  da humanidade.

fim do mundo” (assim chamou a Argentina, seu país de origem) e concluiu “Eis-me aqui!”; o primeiro a rezar a missa do dia seguinte à eleição,  para pedir a proteção da Virgem Santa para seu pontificado;  o primeiro que como cardeal-arcebispo dispensara carro e motorista e se locomovia em sua cidade episcopal com os transportes públicos; o primeiro arcebispo também (nisso imitando o nosso Dom Hélder) que renunciara a morar no Palácio Episcopal, indo residir na própria Cúria, onde despachava e atendia ao serviço episcopal.
Não estava o papa Francisco  na lista dos 10 “papabili”, feita pela mídia internacional, e confirmou-se o provérbio vaticano, que diz: “quem entra papa no conclave, sai cardeal”. E no 5º escrutínio, ele terá recebido o mínimo de 77 votos dos 115 cardeais eleitores. Há quem afirme que no conclave de 2005, que elegeu o papa Bento XVI, o Cardeal Bergoglio teria sido o segundo mais votado.
“Não é uma busca pelo poder, mas uma recusa ao poder e um apego ao serviço em estado puro” – disse o porta-voz da Santa Sé, Padre Lombardi aos jornalistas. “Não é a geo-política evangelizadora que define a escolha de um cardeal para ser papa” afirmou o jornal parisiense Le Monde, e acrescentou: “O jesuíta Jorge Mario Bertoglio não é de esquerda, nem de direita, é de centro, mas não se dá com Cristina Kirshner. E era o chefe de uma Igreja argentina contestada.”
 “A escolha de seu nome, Francisco, é já significativa porque nos dá alguns traços característicos do novo Papa:  simplicidade, pobreza, e autenticidade” – afirmou o Reitor Mor dos Salesianos na mensagem que enviou naquele mesmo dia 13, quarta-feira, a toda a Família Salesiana. E continua Pe. Pascual Chavez: “Esses traços característicos da personalidade do Papa Francisco evidenciam também alguns elementos que devem definir o rosto da Igreja e sua relação com o Mundo.”
               O então Presidente da Conferência Episcopal dos Bispos da Argentina, hoje Papa Francisco, foi o principal relator do Documento conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado latino-americano e do Caribe, de maio de 2007, em Aparecida (São Paulo),  que convidou o continente da esperança a formar os novos discípulos e missionários, que o Evangelho de Jesus precisa na América Latina. 
               Este pontificado do Papa Francisco abre nova esperança no diálogo da Igreja com o mundo de hoje, visando à evangelização da Europa, esquecida do cristianismo, da América latina,  imersa nas injustiças sociais e na opressão dos pobres e no resto do mundo, que ainda espera o anúncio de Jesus, salvador e redentor  da humanidade.