UMA LIÇÃO
DO MENSALÃO
Não é
intento meu tecer aqui considerações a respeito da realização do julgamento do
Supremo Tribunal Federal, sobre o chamado “mensalão”, amplamente divulgada pela
imprensa escrita e pela televisão com grande audiência. Quero apenas salientar
que este processo de alto nível, marco histórico na Justiça brasileira,
redime-a um pouco da pecha de que no Brasil só os três “bps” (preto, pobre e
prostituta) sofrem os rigores da lei. Agora, felizmente, o que presenciamos é
que também ricos e poderosos, homens do Palácio do Planalto e do Legislativo
federal, do sistema bancário e do poder econômico, estão sendo julgados e
examinados em ações fraudulentos pela mais alta Côrte de Justiça de nosso país
Quero
apenas mostrar com um exemplo, que serve de lição para a nossa juventude, que
esta tal lei de cotas raciais é um “tiro no pé”, porque necessariamente vai
provocar desnível de qualidade e de
prêmio à meritocracia para as Universidades federais, em confronto com
as boas escolas particulares de ensino superior, que admitem o aluno pelo
critério do mérito e não pela cor de sua pele. Necessário se torna urgentemente
que o ensino fundamental e médio das escolas públicas¸ que se supõe serem dos
pobres, rivalize em eficiência com o das escolas particulares, supostamente
frequentadas pelos ricos.
O
exemplo é do ministro Joaquim Barbosa,
relator do mais famoso processo da Justiça brasileira, com milhares de páginas,
que apesar de algum “bate-boca” com o revisor Ricardo Lewandowski, vem se
mostrando de competência inigualável. Quem é Joaquim Barbosa? – responde-me um
ex-aluno meu do Salesiano, hoje competente médico do Recife, que me enviou por
via eletrônica o “curriculum vitae” do ministro.
Joaquim Barbosa nasceu em Paracatu, humilde cidade do
noroeste mineiro. Foi o primeiro de
oito irmãos. Seu pai era
pedreiro e sua mãe dona de casa. Passou a ser arrimo da família, quando os pais
se separaram. Aos 16 anos, foi para Brasília, arranjou emprego na Gráfica do
Correio Braziliense e assim terminou o segundo grau, sempre em escolas públicas.
Obteve o bacharelato em Direito na Universidade de Brasília, onde a seguir
obteve o mestrado em Direito do Estado. Foi oficial de chancelaria no
Ministério das Relações Exteriores de 1976 a 1979, tendo servido na embaixada do
Brasil em Helsinki, Finlândia e, depois, advogado do serviço federal de
processamento de dados (SERPRO). Prestou com êxito o concurso público para
Procurador da República, mas licenciou-se do cargo e foi estudar na França por
quatro anos, tendo obtido mestrado e doutorado em Direito Público na
Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) de 1990 a 1993. Retomou o cargo de
procurador da República no Rio de Janeiro e professor concursado da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a UERJ. Foi “visiting scholar” de
Direitos Humanos no Instituto da Faculdade de Direito da Universidade Columbia
de Nova York de 1999 a 2000 e depois, na Universidade da Califórnia Los Angeles
School of Law de 2002 a 2003.
Fez
estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos
Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em inglês, francês, alemão
e espanhol. Toca piano e violino desde os 16 anos de idade. As más línguas
dizem que seus elegantes ternos são confeccionados por alfaiates de Paris e
Nova York...
Este é o homem que não precisou de cotas raciais ou
sociais para chegar aonde chegou...
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