Retrospectiva é observação ou análise de tempos ou
coisas passadas – diz o Aurélio. Já o filósofo Santayana sentencia: “Os que não
podem recordar o passado estão condenados
a repeti-lo.”A história da Igreja a tem levado sempre a refletir sobre erros
e vitórias do passado e o ano que termina teve pelo menos três grandes momentos
que pretendo recordar aqui.
A renúncia ao supremo pontificado do santo e sábio
Papa Bento XVI, anunciada no final do concistório de 11 de fevereiro e consumada às 20 horas do dia 28 daquele mês,
marcou sem dúvida a história desse ano. Era o homem “que não queria ser Papa”
na expressão do jornalista Englisch. E, na véspera do dia de sua renúncia, ele
afirmou: ”Amar a Igreja significa também ter a coragem de fazer escolhas
difíceis, dolorosas, tendo sempre diante dos olhos o bem da Igreja e não a nós
mesmos”. Comentou a jornalista Silvia Guidi: “Talvez não haja frase mais
incompreensível para a mentalidade atual, caracterizada pela obsessão do poder
em todos os níveis”. O último e único Papa que propriamente renunciou foi S.
Celestino V em 1294.
O segundo grande acontecimento do ano foi a eleição
do Papa Francisco (Cardeal Jorge Mário Bergoglio) em 13 de março. O primeiro
latino-americano a ser eleito papa, o
primeiro jesuíta e o primeiro a tomar o nome de Francisco. “Simplicidade,
pobreza e autenticidade” são marcas características do novo Papa, logo em suas
primeiras comunicações com o povo – disse o reitor-mor dos Salesianos, Pe. Chavez. Na primeira encíclica “A Luz da
Fé”, por ele assinada, Francisco esclarece que o Papa emérito Bento XVI já
tinha quase concluído o esboço desta carta encíclica sobre a fé. “Na
fraternidade de Cristo assumo seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar
ao texto alguma nova contribuição” – declarou ele.
A linha pastoral do Papa Francisco ficou clara para
todo o mundo em sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” (A
alegria do Evangelho) . Nela, ele propõe reforma das estruturas eclesiais
para que se tornem mais missionárias. Ele trata de uma “conversão do papado”, para
que ele seja mais fiel ao significado, que Jesus Cristo lhe quis dar e às
necessidades atuais da evangelização. Sobre a Mulher, declara Papa Bergoglio:
“Há necessidade de ampliar o espaço para uma presença feminina mais incisiva na
Igreja, nos postos onde são tomadas importantes decisões.” Sua pregação
ordinária realiza-se, além das audiências gerais das quartas-feiras e da
recitação do “Angelus” aos domingos, - o que faziam todos os Papas anteriores –
o sermão diário de suas missas na Casa Santa Marta, onde escolheu residir,
deixando o Palácio Apostólico do Vaticano, e que é divulgado pela imprensa. O interesse que o Papa Francisco desperta na
mídia mundial evidenciou-se pela sua
promoção ao “Homem do Ano” da revista Time.
O terceiro grande acontecimento eclesial do ano
foi, sem sombra de dúvida, a realização no Rio de Janeiro da Jornada Mundial da
Juventude, de 22 a 29 de julho. Foi um evento de proporções planetárias e o
primeiro encontro do novo Papa com bispos do mundo inteiro e o povo, com que
tão bem se identificou. Jovens de mais de cem países, milhares de sacerdotes e
bispos deram ao evento o significado de uma presença da Igreja no Brasil para o
mundo.
Ano de bênçãos e de graças para toda a cristandade
foi este ano que termina.
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